No fim de semana passado teve lugar mais um Congresso do CDS/PP. Não teve grande cobertura noticiosa, apesar de se tratar da pomposamente chamada reunião magna de um dos partidos do governo. Ao jeito da mediocridade que polui irremediavelmente os meios de comunicação social, o que de mais interessante haveria a esperar deste congresso seria a explicação do seu Presidente Paulo Portas ( também vice-primeiro ministro) a respeito da "irrevogável demissão" e consequente crise de governo que protagonizou no verão passado. Assim, pelas expectativas dos Senhores Jornalistas, a coisa poderia bem ter ocorrido num simpático bar lisboeta, bebericando um gin tónico ou outra qualquer beberagem momentaneamente mais in. Ficámos a saber que a oposição interna ao reeleito PP, valerá aí uns 17%, que o Pires de Lima ( ministro tão aguardado como até agora perfeitamente ineficaz ou melhor, inócuo) entende que o seu PP ( sim, dele) é um bom candidato a Belém e que o Nuno Melo ( mais um génio de vocação europeia, como muita da tralha que por cá temos) deseja que o seu PP ( sim, dele) se mantenha por muitos anos à frente do partido. Esquecendo a lisonja que determinou estas e outras declarações, é evidente que as citadas são contraditórias! Ainda não é possível ir para Belém e continuar à frente do partido. Ainda não? Pelo menos formalmente. Mas é um bom lugar para fundar partidos, como fez o Eanes; é um bom lugar para chefiar a oposição aos governos, como fez o Mário Soares; é um bom lugar para proteger o seu partido, como fez o Sampaio e, segundo alguns, também o Cavaco. Por mim, acho que o Cavaco não fez nem desfez, não faz nem desfaz, não fará nem desfará. É um bugalho vazio, corrompido pela traça e sem utilidade. Mas enfim. Tudo isto para dizer que esta mistificação democrática que por cá, alegre ( arrenego...) e resignadamente vamos vivendo, precisa destes rituais conformadores como de pão para a boca. As marionetas deslocam-se de quando em vez a um pavilhão para ouvir o tão esperado discurso do lieder, perdida ou não já a esperança de lhe oferecerem um lugarito no conselho nacional, na comissão nacional, executiva ou homólogos. Claro que a deslocação vale a pena: sempre se vêem uns influentes. Pode acontecer que amanhã se venha a lembrar da careta pedonal e esperançosa. As palavras são como as cerejas. Afinal, porque será conformador o ritual? Porque todos os partidos e confrarias precisam de criar a ilusão de que os súbditos mandam. E quem exerce o poder, o faz estoicamente em nome dos súbditos, ainda que espoliados, pois claro. É assim em todo o lado. Mas há lugares onde os rituais são bem encenados, chegando a ilusão a atingir uma para-realidade interessante. Digna de reflexão, pelo menos. Próxima do mundo das ideias de Karl Popper. Não igual, convenhamos. Próxima. Mas outros...é confrangedor. Quem acreditará nos constantes e patéticos rituais da monarquia hereditária da Coreia do Norte? Ou nas percentagens eleitorais do país do Fidel & Irmão, sociedade em Comandita? E tantos, tantos outros. Os exemplos são apenas extremos patéticos. Por que a mediania está nos rituais que por cá vamos vivendo. Alegre (arrenego) e resignadamente. Qual será o segredo ou explicação que lá mais para a frente, todos nós ansiosamente esperaremos do Passos, também dito Coelho? E primeiro ministro, é bom não esquecer. Porque o respeitinho é essencial a todos os rituais. Seja de touca, seja de avental. Ambos os "acessórios" têm excelentes yields. Retorno, para os menos informados, pois então.
A touca e o avental ficam bem a quem exerce o seu metier com dignidade, que não é o caso. Enfim vamos vendo este desfilar de bacocos que andam pela política nacional. Muito bom e muito lúcido como sempre
ResponderEliminarA touca e o barrete sáo sinónimos, neste caso. O avental é o do ritual maçónico. Poa mais fino. E rende muito mais....
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