Faz hoje uma semana, vivemos horas de glória: a selecção portuguesa de Futebol sagrou-se campeã da Europa, vencendo a selecção francesa por 1-0 no Stade de France, em Paris., orientada pelo seleccionador Fernando Santos. Não sendo muito dado a "futebóis" vibrei seriamente durante os noventa minutos regulamentares e os trinta de prolongamento. Foi no prolongamento que a equipa portuguesa marcou o golo que nos deu o título. Vibrei naturalmente pela capacidade de resistência e de vontade revelada pelos jogadores portugueses. Devo reconhecer que os Franceses jogaram mais para a vitória. A equipa portuguesa teve alguma sorte, mas -ao que parece - não há campeões sem um pouco de sorte. Vibrei porque lera no dia anterior o tom desprestigioso e até malcriado como alguns meios de informação franceses se referiram à selecção des petits portugais. Sem estranhar. O pretensiosismo gaulês sempre soube exibir-se no seu pior. E fá-lo com arrogância e algum despudor. Cristiano Ronaldo, o melhor jogador do mundo, foi anulado por Payet logo aos oito minutos de jogo. Lembrei-me de ter lido declarações do seleccionador Deschamps de que não conhecia meio para anular Ronaldo. Pois bem: sem querer elaborar teorias da conspiração, a verdade é que a falta foi tão evidente e tão oportuna que me pareceu claramente intencional. Apesar do esforço heróico que o capitão da selecção ainda fez para tentar superar a lesão teve de ser substituído por Ricardo Quaresma. Que fez um excelente jogo, de resto. Com garra, empenho e habilidade. O golo foi marcado por Eder, um jogador menos conhecido, mas que também fez muito bem o seu papel. Ao que parece, Ronaldo, já no banco tê-lo-ía motivado transmitindo-lhe que seria ele a marcar o golo. A ser assim, reconheçamos a força da fé e da vontade. Parece que isso mesmo foi transmitido à equipa pelo seleccionador Fernando Santos. Católico praticante, como se assume, sempre disse, apesar dos empates, consequentes críticas e talvez algum despeito que só regressaria dia 11 de Julho e campeão da Europa. Assim foi. Mas regressando um pouco à anulação de Cristiano Ronaldo. Tenho a convicção de que ele foi anulado do modo mais feio, do ponto de vista desportivo. Curiosamente, o árbitro não marcou qualquer falta. O que também diz bem da imprevisibilidade deste desporto que, em múltiplas circunstâncias substituíu as guerras tribais. Infelizmente, apesar de a Fifa, a Uefa e congéneres organizarem competições continentais e mundiais, as guerras mantêm-se, localizadas, mas persistentes. O terrorismo, esse pesadelo dos nossos dias é global. Esta semana, a França sofreu mais uma barbárie, na sua instância de férias mais conhecida. Em Nice, na marginal, a que chamam promenade des Anglais. Oitenta e quatro mortos e centenas de feridos. Tudo deliberadamente provocado por um louco conduzindo um camião de 14 tons. Islamita radical, é claro.
Enfim, regressemos à bola que, apesar de todas as reservas quanto aos seus excessos, é um assunto mais pacífico e agradável. Foi um triunfo importante para o Futebol português. Mas não consigo deixar de sorrir com algum cinismo - confesso - perante os múltiplos actos políticos de aproveitamento do desporto, em geral e do futebol, em particular. As atitudes e os gestos do Senhor Presidente da República Rebelo de Sousa, bem como os do Primeiro Ministro António Costa são deploráveis. E não podem ser autênticos e genuínos. Por muito que o declarem, não podem ser autênticos. Ouvindo os "discursos" do Senhor Presidente na entrega simbólica das condecorações não conseguimos deixar de considerar alguns dos seus arrufos claramente patéticos. Mas enfim. A minha admiração autêntica para o seleccionador e para todos os desportistas que defendem com brio e empenhamento o nome de Portugal. Foi o Futebol, mas também prestações briosas e vencedoras no Atletismo, em Amsterdão e ontem uma vitória também europeia, no hóquei em Patins. Para terminar e agora sem cinismo: viva a bola.
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