A sociedade portuguesa vive momentos difíceis de qualificar. Um poder político incompetente e totalmente irresponsável ocupado por detentores directos ou indirectos de cartões partidários e que é incapaz de compreender as mais elementares noções de Pátria, Nação, Comunidade ou sequer a comezinha noção de Bem Comum. A ignorância exalada diariamente é ampliada magistralmente por uma comunicação social estúpida e sistematicamente à procura de furos com ridículos factos e comentários que martirizam até à náusea. Aqui, talvez por simpatia com os poderes de cujos restos se alimenta, perderam-se as noções de jornalismo e de interesse público. O voyerismo primário é deprimente. Ninguém é capaz de assumir responsabilidades, mas abundam os argumentos mais irracionais para justificar o injustificável, e sempre com uma falta de pudor que arrepia. Houve um assalto ao paiol de Tancos? - Há coisas mais graves- diz o Ministro. - Não há dinheiro para reparar a vedação ou a videovigilância, dizem os militares. Tudo isto é tão mau, tão imbecil e tão descarado que não merece sequer a mais pequena resposta. Mas é sintomática num país com 238 generais, ao que consta. Menos ou mais, a situação é seguramente pior do a que existe na maioria dos países do terceiro mundo. E nenhuma semelhança tem, obviamente, com os países ditos desenvolvidos. Num incêndio que deflagrou num Sábado muito quente e onde, de forma nunca vista em todo o mundo morreram 64 pessoas, a culpa e explicação patética encontrada poucas horas após o início é do downburst, ou "forte corrente de ar descendente associada a trovões". Toda a gente se pronuncia sobre tudo vorazmente, na esperança de, com ou sem gramática, vociferar uma bagatela diferente, ainda que mais patética do que todas as outras. E as televisões dão cobertura a isto despoletando um enjoo e um cansaço que desmotivam. Há quem chame retórica aos verbosos argumentos non sense desta rapaziada que tomou de assalto o palco do poder. Mas não. A retórica tem regras e até já foi uma disciplina das humanidades. Ora, a rapaziada não sabe o que isso é. Chora e ri, aparece e desaparece, abraça e escarneia a seu bel-prazer porque interiorizou a incapacidade nossa de reagir ou de censurar. Ocupem o palco rapazes. Ocupem o palco enquanto é tempo. Enquanto o país não submerge inteiramente no mar de despudor e de mediocridade que vos alimenta. Tudo isto é tão pobre que nem de retórica podemos falar. Por isso lhe chamo larachas. Aos rapazes e aos "argumentos". Enfim. Larachas.
O Diagnóstico está feito.
ResponderEliminarDifícil, difícil é escolher o "remédio" e obrigar o "paciente" a tomá-lo!
Abraço.