O Senhor Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, não tem tento na língua. O seu evidente populismo leva-o a chorradas de disparates em cascata. Populismo, sim. Porque o narcisismo e a disparatada necessidade de agradar são uma forma de populismo tão perigosa num titular do mais alto cargo politico da República como qualquer outro populismo premeditado e manipulador de qualquer partido político. Ouvir este homem faz lembrar a frase do Rei espanhol para o ditador Hugo Chaves: Porque não te calas? Agora deu-lhe para dizer gratuita e estultamente, perante jornalistas estrangeiros que Portugal deveria indemnizar as ex-colónias pelo que delas retirou. A ignorância e os enviesamentos pseudo-culturais não têm limites. Portugal esteve 500 anos em África e criou comunidades que hoje são países graças aos "colonizadores". Quando lá chegou havia tribos. Os territórios e o sentimento nacional foi criado pelos portugueses. Portugal investiu milhares de vezes mais nas ex.colónias africanas do que que aquilo que delas retirou. Houve esclavagismo e trafico para as Américas, designadamente, é verdade. Mas o tráfico de escravos não foi inventado pelos Portugueses nem por qualquer outro País europeu. O esclavagismo e o respectivo tráfico existia entre as diferentes tribos e os escravos eram vendidos a países do norte de África antes e depois da presença europeia. Se os europeus entre os quais Portugal se aproveitaram do tráfico de escravos, também foram eles que o combateram e que conseguiram acabar com ele. Angola, antes da independência, tinha um dos maiores PIBES de África, Hoje é aquilo que se sabe. Moçambique é hoje um dos países mais pobres do mundo, Não era enquanto colónia portuguesa. A Guiné não passa, hoje, de um entreposto de droga. Portugal deu, material e humanamente às ex-colónias muito: humana, material e socialmente. Há anos, era então Presidente da República Ramalho Eanes, esteve entre nós um grande político Africano de seu nome Leopold Sédar Senghor. Vale a pena lembrar que Senghor tem origem no português "senhor" e que Leopold Senghor foi, além de um grande político, um homem muito culto, licenciado em Paris, um grande escritor de língua francesa, membro da Academia, doutor honoris causa por várias universidades em todo o mundo, entre as quais a de Évora, a quem foi atribuída a condecoração da Ordem de Sant'Iago de Espada pelo Estado Português em 13 de Março de 1975. Entrevistado, juntamente com Ramalho Eanes na televisão portuguesa aquando da mencionada visita disse isto, para grande espanto do jornalista e até, pelo que me pareceu, de Ramalho Eanes: o mundo deve a Portugal um conceito que será provavelmente a salvação da humanidade e que precisa de ser trabalhado cientificamente: o mesticismo. E justificou com a atitude dos portugueses durante o período colonial. Entre os muitos disparates que proferiu, Marcelo Rebelo de Sousa terá referido também os "massacres nas colónias". Que eu saiba o único massacre de que alguma vez se falou foi em Moçambique, no triângulo de Wiryamú em Dezembro de 1972. Importa referir que, segundo alguns relatos, terá sido uma "marosca" dirigida pela PIDE e guiada por um índígena de nome Chico Kachavi. Não foi bonito. Mas importa ter presente todas as versões. Para além da de Adrian Hastings e dos dois missionários espanhóis há também a do arcebispo de Dar-es-Salem Laurean Rugambwa, segundo a qual o "massacre" foi perpetrado pela Frelimo que ameaçara boicotar a construção da barragem de Cahora Bassa. Mas enfim, em treze anos de guerra colonial -inútil efectivamente- nunca ouvi falar de qualquer outro "massacre" a não ser aquele perpetrado pela UPA em 15 de Março de 1961 no norte de Angola que trucidou homens brancos e negros aos milhares, decapitou homens mulheres e crianças, deixando as cabeças espetadas em paus. para além de outras atrocidades que deram causa à guerra colonial. As fotografias indiscritíveis dessas atrocidades foram mostradas então na ONU. Saberá disto o Senhor Dr. Rebelo de Sousa? Ou, na ânsia disparatada de agradar, confundirá também os quadros existentes na Assembleia da República? Esgote-se. mas não esgote a Pátria, por favor.
O PR devia apaziguar e não exaltar o Povo. Haja paciência
ResponderEliminarO acto terrorista da UPA ocorreu e 1961...
ResponderEliminarObviamente. Foi em 15 de Março de 1961. Obrigado por ter detectado o lapso.
ResponderEliminarExcelente texto
ResponderEliminarNão diria melhor
Faltou ao Marcelo conhecer o terreno e ter derramado um pouco de suor - ou mesmo sangue - , cumprindo o Serviço Militar, do qual ficou isento só porque era filho de um Ministro.
ResponderEliminarDe memória, sem consultar documentos. Os historiadores ou outros mais habilitados, corrijam:
ResponderEliminarA "Partilha de África" entre 1880 e I G.Guerra (1913). As primitivas colónias portuguesas eram apenas nas zonas costeiras. A escravatura sempre existiu, existe e existirá. Os povos do Norte de África faziam incursões na África sub-sahariana, capturavam os nativos mais escuros e vendiam-nos nos portos costeiros. Nesta zona sub-sahariana e mais a Sul, havia e há uma infinidade de tribos que sempre se digladiaram, exceptuando-se no tempo da real colonização, em que a 'administração' colonial impôs a 'acalmia' entre as tribos (Ex.: Angola tem 29 tribos).
Finda a colonização, os novos países/'independências' voltaram à porrada entre si, e, caso curioso, quiseram manter as fronteiras coloniais e o idioma comum. Uns poucos dividiram território (ex: Congo)
As obras de 'arte' em madeira e raramente em metal (zonas mais a Norte), eram vendidas pelos nativos aos colonos/comerciantes. Penso que não houve expropriação ou roubo dessa 'arte'.
Havia barcos negreiros de várias nacionalidades, mas pertencentes aos 'comerciantes' privados.
(Penso que o Marcelinho devia reler o tema 'colonizações'...) Ver foto do mapa, antes da 'partilha' no Google - Wikipédia - 'partilha de África'
Inteiramente de acordo consigo. Só no final do século XIX e princípios do Sec XX, os Portugueses passaram a dar atenção ao interior das colónias. Mas houve homens extraordinários a "descobrir" e mapear o interior, como Serpa Pinto, Silva Porto e tantos outros. Ficaram conhecidos por " os africanistas".Durante o serviço militar dormi no Norte de Angola ( Buela, na fronteira como o Congo, já então Kinshasa) na casa onde dormiu Gago Coutinho quando delimitou a fronteira de Angola. Será isso que temos de indemnizar?
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