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segunda-feira, 28 de março de 2011

Três comentários envergonhados

Há 15 dias que aqui não deixava um só suspiro. Sim, porque os tempos nada mais motivam ou estimulam.  A semana passada, contudo, foi pejada de acontecimentos que merecem um comentário, por mais pequeno que seja.
1- Demitiu-se o primeiro- ministro, na sequência da não aprovação de mais um PEC ( o 4º); O último era sempre suficiente, na boca do Governo, nas medidas de austeridade propostas.  Dois meses mais tarde, verificamos que até as previsões económicas do Orçamento descem de um crescimento modesto para um decréscimo do PIB de 0,9%. Em que já ninguém pode acreditar. Será seguramente maior, visto que esta última"previsão" terá sido forçada pelos  economistas comunitários e do BCE, justificando, naturalmente, mais medidas de austeridade. Como não podia deixar de ser,  Sócrates demitiu-se culpando a oposição e os próprios portugueses de serem os verdadeiros responsáveis pelo caos económico e financeiro em que o País se encontra e de nem sequer deixarem o governo tomar as medidas que patrioticamente Bruxelas havia já aceitado, sem que em Portugal fossem conhecidas. José Sócrates consegue quebrar todos os limites da demagogia e da retórica barata! Impunemente, porque acaba de ser reeleito secretário-geral do PS com mais de 90% dos votos. Declaração de interesses: já pertenci ao PS. Foi mesmo o único partido a que pertenci. Curei-me há muitos anos, felizmente.
Parece que haverá eleições legislativas no princípio de Maio. Que irá sairdestas eleições? Tenho receio de que as minhas convicções democráticas sofram mais um abalo.
2- No meio da crise nacional, o Sporting tentou eleger uma direcção. Houve violência e, segundo um dos candidatos, terá havido também "batota", visto que vai impugnar as eleições. Foi a notícia mais importante, com que abriram os telejornais de Domingo. Tal facto, comum, aliás, diz bem da alienação que o futebol representa em Portugal. Diz bem da incapacidade de escalonar prioridades por parte dos responsáveis dos nossos meios de comunicação social. Não defendo qualquer tipo de elitismo e sei bem que o desporto e o futebol, em particular, é um fenómeno social  importante. Mas, uma atitude responsável dos directores de informação não pode permitir que o futebol de um clube, seja ele qual for, se torne socialmente mais relevante do que as consequências dramáticas que os portugueses sofrem a todos os níveis do débil tecido social; que se torne prioritário relativamente à guerra no Líbano e à compreensão do que ali se passa; à informação sobre o Japão, Fukushima e a ameaça de contaminação nuclear, etc, etc.
3- A propósito do Líbano: todos nós - ao que julgo - gostaríamos de ver o Senhor Kadhafi apeado. Mas, a intervenção dos Estados Unidos, da França, do UK e da Nato foi decidida tão rapidamente que contrasta fortemente com as grandes críticas - e merecidas - que antecederam e se seguiram à invasão do Iraque e até do Afganistão. Considerando o argumento mais propalado no 1º caso ( o petróleo), apetece perguntar: será que o petróleo líbio tem mais octanas do que o petróleo iraquiano? Ou será que o Presidente Obama tem um discurso mais persuasivo do que George Bush? A verdade, se estamos lembrados, é que o avanço dos Norte-Americanos no Iraque foi forçado pela atitude acobardada da França, entre outros. Nessa atitude, de interesses feita, como a do lado oposto também seria, confiou um louco. E por isso manteve aquele ar de desafio inolerável para o Ocidente, em minha opinião. Que não deixava outra saída senão a invasão.
 Ao que se soube, eram empresas francesas aquelas que mais contratos detinham na exploração do petróleo no Iraque de Sadam. Enfim, a política internacional, tal como a da paróquia, é um lodaçal.
4 - Dois únicos aspectos positivos me ocorrem: o Padre Santos, pároco da Boa-Fé e de S. Sebastião da Giesteira, mesmo doente, ao que a Céu diz e eu pude constatar, continua a dedicar a vida aos seus paroquinos e ao próximo com a determinação de sempre. Bem haja, Senhor Padre. Até eu o respeito ao ponto de dizer com prazer o belo poema que é o Pai Nosso na sua capelinha da Boa-Fé.
O segundo ponto positivo é a constatação da capacidade de sofrimento, o comportamento comunitário exemplar e a determinação dos Japoneses ( incluindo Governantes), considerando a tragédia que os afectou e as informações e imagens que nos chegam.

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