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domingo, 13 de março de 2011

Desabafos breves

Domingo, 13 de Março. Um dia cinzento e triste no Alentejo. Em sintonia com as notícias internacionais e nacionais.Ante-ontem foi o brutal terramoto no Japão, seguido do Tsunami. Ficámos a saber que este País será aquele que melhor preparado está para estas catástrofes naturais. Ainda assim, as consequências parecem terríveis, em perda de vidas, designadamente. Mas, as más notícias abrangem agora também a explosão na central nuclear de Fukushima e a necessária evacuação de dezenas ou centenas de milhares de pessoas. Esperemos que os técnicos deste povo empreendedor e responsável consigam controlar esta gravíssima consequência do terramoto.
Claro que se levanta, uma vez mais, e com toda a razão, o problema da segurança e dos riscos elevados da opção nuclear, enquanto meio de produção de energia. A técnica, por apurada que seja, nunca conseguirá evitar os imprevistos e a força dos fenómenos naturais mais extremos. Tal como o Homem, de resto. Não passamos de um instante fugaz perante o Universo e a natureza perene. Na perspectiva humana, é indiscutivelmente perene e poderosa a natureza.
 Por cá, mais medidas de austeridade anunciadas, como moeda de troca para o apoio da Europa. As declarações nuancés, de governantes estrangeiros, já nem conseguem enganar. É espantoso. A "verdade" dos governantes portugueses muda mais depressa do que o vento. Misturam bons desempenhos económicos ( coisa que há mais de uma década não existe) com medidas de austeridade imprescindíveis para combater o défice, cumprir compromissos assumidos, enfim, tudo o que lhes vem à cabeça. Só não assumem a sua completa e inexplicável incompetência, convencidos que estão que a retórica medíocre de que sistematicamente se valem continuará a enganar tudo e todos.
  Em boa verdade o que mais custa, o que mais dói, nesta espécie de democracia, é a flagrante desigualdade. A destruição da classe média; o empobrecimento dramático e economicamente acéfalo dos mais carenciados e o enriquecimento de todos quantos vivem à custa do Estado e daqueles cujos negócios estão fora das regras duras do mercado: comunicações, energia, banca, etc. etc. Quem não vê que isto traduz a destruição do mercado interno e que só o sector exportador jamais será panaceia para a reconstrução da nossa capacidade produtiva é ignorante e indigno de ocupar cargos de chefia no Estado, onde é suposto estar quem privilegie o bem comum. As mordomias dos titulares de cargos públicos e de todos os boys bem "arrumados" à custa do cartão do partido, com total indiferença pela competência e pelo trabalho, são um escândalo intolerável. Por isso o País, mesmo os mais comodistas, bateram palmas, ontem, às manifestações da chamada geração à rasca. Que parece ter ultrapassado as expectativas, sobretudo em Lisboa e no Porto. 
 Talvez estejamos perante o início do tal sobressalto cívico  de que falou o Presidente da República. Se isto significar finalmente a recusa da sociedade civil em manter-se conformada com este estado de coisas, que venha o sobressalto o mais rapidamente possível. 

  


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