Chegou a hora do investimento, diz ele. Naquele seu jeito pausado, convencido, falando para o Álvaro. A seu lado, angelicalmente. Porque poucos se dispõem a ouvi-lo. Poucos acreditam que algo de substancial possa sair dali. Mas o que significará a hora do investimento para o Senhor Gaspar? Ninguém sabe, naturalmente. Os desígnios do Gaspar, como os do Senhor, são insondáveis. Não significará certamente que ele ( o Gaspar) irá investir em algo produtivo. Nunca o fez, que se saiba. Mas, não investindo fundos seus, poderia providenciar para que houvesse investimento público. Ninguém acredita. Para além daquilo que está programado, as receitas fiscais para pouco mais darão. Por isso, o Senhor criou um "isco": quem investir até Dezembro de 2013, terá descontos acentuados no IRC ( até 70% da colecta). Que será pago em 2014, claro.Ou não será. Que inteligente. Que medíocre. É alguma coisa, dizem. Talvez. O Senhor também saberá alguma coisa da abstracção dos números e pouco, muito pouco da realidade, das empresas, da vida, em suma. Sabe o que as empresas e os empresários queriam, Senhor Gaspar? Queriam pagar IRC. Veja bem. O que os empresários gostariam era de poder pagar IRC. Refiro-me, evidentemente às PME. Aquelas de que tanto se fala e que tão espezinhadas são. Se o Senhor não tivesse deprimido o mercado, e as empresas pudessem vender os seus produtos lucrativamente, então tudo estaria bem. As empresas pagariam salários, teriam lucros, e poderiam pagar impostos e investir. Nestas condições, até gostariam de pagar impostos. Eu sei que o Senhor não acredita. Mas é a verdade. É a verdade para a maioria absoluta dos casos. São os bancos, as seguradoras, as edps, as pt's, enfim, as grandes empresas que gravitam naquilo a que chamo "a esfera pública" ( mercado não concorrencial), que criam offshores e utilizam todos os artifícios para fugir ao fisco. Não são as pequenas e médias empresas, Senhor Gaspar. Essas, a maioria esmagadora das criam riqueza em Portugal, gostariam apenas de não ter de esbarrar diariamente nas imbecis teias burocráticas que lhes consomem tempo e dinheiro. Que as impedem de produzir.A burocracia e a ineficiência dos serviços públicos é um entrave sério, muito sério, à melhoria da produtividade do País. Mas o Senhor Gaspar não vê isto. Desconhece isto. Porque desconhece a realidade. Porque desconhece a vida. Por isso, dentro de um ano, concluirá-ou talvez não- que não houve criação de emprego, como previra. Logo, não era a previsão que estava errada. Era o facto de os empresários portugueses quererem pagar mais impostos, menosprezando o importante desconto agora imaginado. Vejam bem. Um desconto sobre zero é zero. Uma impossibilidade aritmética. Aí está. Uma impossibilidade aritmética. Este Senhor fará com que todos tenham razão: até o Jerónimo. Mais. Até o BE e o primo Louçã. Quem aposta? Quem vai a jogo?
De facto, não me parece nada brilhante a ideia do «incentivo fiscal» dobre lucros que previsivelmente não ocorrerão... A não ser as grandes empresa, para quem 3 milhões são cêntimos: vão beneficiar sem necessariamente criarem novos empregos ou combaterem a depressão! As pequenas e médias empresas (não exportadoras)quererão - estou de acordo - fazer negócio e ter lucros para pagarem impostos. Mas se o mercado interno é o que é e ainda se perfila a hipótese de retirar ainda mais o poder de compra à classe média... Não se augura futuro que valha a pena com esta visão para o País.
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