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segunda-feira, 7 de junho de 2021

Os Ingleses do (seu) descontentamento

Acabo de ler no Observador um excelente texto de Sofia Madureira a propósito da rábula do turismo anglófilo. É um texto lúcido e corajoso. Um pouco nostálgico, talvez, visto começar com memórias de infância da autora num Algarve que, obviamente já não existe. A autora reconhece isto naturalmente. A transformação do Algarve teve erros mas também coisas positivas. E é evidente que o Algarve não poderia ser "guardado" para privilegiados nacionais ou estrangeiros. O desenvolvimento é saudável desde que se acautelem valores essenciais como o ambiente, relações sociais e laborais justas e o bem estar dos algarvios e dos portugueses. Desde que o Turismo, como todas as restantes actividades sejam sustentáveis, em suma. Não tem sido o caso, como sabemos. Há um luxo excessivo de hotéis e campos de golfo para os quais o Algarve não tem água, e porventura também alguma lassidão com um certo turismo de mochila desregulado. O que me entristece nesta rábula é ouvir sistematicamente as carpideiras, com incompreeensível arrogância, zurzir na incompetência científica dos britânicos e na  malvadez do seu governo. Esta atitude é verdadeiramente miserável. Como a imagem sugere, Johnson deve encher o seu ego apalhaçado com tanta imbecil mendicidade. O Senhor Santos Silva que nada faz e nada prevê adora malhar na direita como é sabido. Mas não só. Malha também no governo britânico, sempre que se julga contrariado e até no governo espanhol. Lembram-se do som tonitruante e glorioso de quem manda nas fronteiras portuguesas é o governo português? Mas há mais. Os Ingleses ou britânicos, como queiram, nunca têm razão nas medidas que tomam. Claro que não têm. Deveriam consultar o ministro português dos negócios estrangeiros. Não só realizariam no Porto a final da Champions desde que com equipas inglesas, mas provavelmente bem poderiam marcar metade dos jogos da "premiére" para Lisboa, Faro, Coimbra, Leiria e quejandos. Antecedentes não faltam. Se proporcionámos o final four, porque não o final twoo? E porque não os abrasadores derbys Londrinos ou Mancunianos? 

    Há bem pouco tempo, se a memória me não trai, o Governo português cancelou os vôos para o Reino Unido, considerando o alastramento rápido da variante inglesa do covid-19. Não tenho idéia do Senhor Johnson se ter rebelado contra esta medida. Que fique claro. Não defendo o Johnson nem o seu governo. Considero, aliás, que o PM é um palhaço e mentiroso cumpulsivo sendo que os amigalhaços deste governo de sua majestade ficam muito bem nas fotografias conjuntas. Mas nada disto significa que tenha de me intrometer nas suas medidas sejam politicas, de saúde pública ou meramente lúdicas. Têm direito a tomar as medidas que entendam sejam elas ditadas por razões sanitárias ou meramente políticas, como sejam  as  de favorecer o turismo interno. Que direito temos nós de criticar isso? Se o Algarve é excessivamente dependente do turismo inglês, porque não se tomaram medidas há mais tempo para minimizar essa acefalia económica? 

Ah! É verdade. Ontem o Sr. PM Costa já compreendeu isto. Como sempre a reboque dos acontecimentos, Ou me engano muito -.oxalá - mas não passará de palavras uma vez mais. Até porque é mais simples vituperar retoricamente os ingleses do que trabalhar e diversificar o turismo e toda a actividade económica do Algarve e de Portugal. Usemos binóculos. Porque nem com tal instrumento encontraremos medidas sérias neste sentido no chamado Plano de Recuperação e Resiliência. Resiliência, confesso, enche-me as medidas. 


 


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