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quinta-feira, 24 de março de 2022

Insanidades

guerra voltou à Europa. Faz hoje um mês que a Rússia de Putin invadiu a Ucrânia. Os relatos e imagens que nos chegaram e continuam a chegar durante este período infernal são verdadeiramente chocantes e inconcebíveis em pleno sec XXI. Já abandonaram o país, fugindo da guerra mais de 3,5 milhões de refugiados, sobretudo mulheres e crianças. Os homens ficam ou regressam para defender a Ucrânia contra a barbárie russa. É notável o heroísmo revelado pelo povo ucraniano. Para a propaganda do Kremlin que amordaçou gravemente todos os meios de comunicação social, não há guerra, imagine-se. Há apenas uma operação especial para desmilitarizar e desnazificar a Ucrãnia. Estafermos.. Não deixa de ser curioso pensar como é possível que um povo de mais de uma centena e meia de milhões de indivíduos possa acreditar nisto. Fingirão apenas que acreditam? Será simples medo? Cobardia? Os Russos não podem ser todos cobardes.

A Europa reagiu rapidamente e bem. Tal como os Estados Unidos. Deixando sempre claro que qualquer arranhão num dos países da Nato teria imediata resposta adequada, a organização decidiu manter-se fora do conflito militar. Mas quer a UE quer os USA e o UK têm apoiado a Ucrânia com meios militares e com dinheiro. Os refugiados saem pela Polónia, pela Hungria, pela Moldávia, pela Roménia, pela Letónia, enfim, pelos países com fronteira com a Ucrânia. A UE tem apoiado estes países e os refugiados dirigem-se posteriormente para países da sua preferência. Os Russos também têm recebido ou forçado Ucranianos a "refugiarem-se" no território do invasor, ao que parece. Um mês depois, com a ajuda da maior parte do mundo e o heroísmo do seu povo, parece que a Guerra não corre muito bem à Rússia. Seria estupendo que o Vladimir Putin saísse disto humilhado. Em boa verdade vai sair sempre derrotado, porque nas décadas que se seguirão, a Rússia vai sentir o ódio de todos os povos pacíficos e indignados com tamanha insanidade. Hoje mesmo decorrem reuniões no Conselho da UE, e na Nato.  O presidente da Ucrânia Volodimir Zelensky participa nestas reuniões. Ele tem sido ouvido por video-conferência nos principais parlamentos da Europa e da América do Norte. Antes da sua eleição, ele era comediante na televisão Ucraniana. O seu principal programa - o mais visto - era exactamente um em que a personagem que ele encarnava era o presidente do país. Acabaria por moldar a realidade à sua ficção. A guerra trouxe-lhe uma popularidade extarordinária. E tem merecido. Apesar de algum desespero e também algum irrealismo, é verdade que ele tem feito apelos dramáticos que são compreensíveis. Irrealista é julgar que, com a entrada da Nato na Guerra, isto é, com a sua globalização, a Ucrânia poderia ser ajudada. Todos perderiam, como é óbvio com a globalização da Guerra. Em Portugal, este conflito insano trouxe à tona de água a hipocrisia do PCP e do Bloco de Esquerda, naturalmente. Mas também de indivíduos e algumas instituições. Enfim, a insanidade não é monopólio do Vladimir Putin. Mas a sua loucura pede meças. E o ódio que hoje suscita na maioria esmagadora dos países europeus e americanos vai perdurar por muitas gerações.

 

 

 


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