A guerra voltou à Europa. Faz hoje um mês que a Rússia de
Putin invadiu a Ucrânia. Os relatos e imagens que nos chegaram e continuam a
chegar durante este período infernal são verdadeiramente chocantes e
inconcebíveis em pleno sec XXI. Já abandonaram o país, fugindo da guerra mais
de 3,5 milhões de refugiados, sobretudo mulheres e crianças. Os homens ficam ou
regressam para defender a Ucrânia contra a barbárie russa. É notável o heroísmo
revelado pelo povo ucraniano. Para a propaganda do Kremlin que amordaçou
gravemente todos os meios de comunicação social, não há guerra, imagine-se. Há
apenas uma operação especial para desmilitarizar e
desnazificar a Ucrãnia. Estafermos.. Não deixa de ser curioso pensar
como é possível que um povo de mais de uma centena e meia de milhões de indivíduos possa
acreditar nisto. Fingirão apenas que acreditam? Será simples medo? Cobardia? Os
Russos não podem ser todos cobardes.
A Europa reagiu rapidamente e bem.
Tal como os Estados Unidos. Deixando sempre claro que qualquer arranhão num dos
países da Nato teria imediata resposta adequada, a organização decidiu
manter-se fora do conflito militar. Mas quer a UE quer os USA e o UK têm
apoiado a Ucrânia com meios militares e com dinheiro. Os refugiados saem pela
Polónia, pela Hungria, pela Moldávia, pela Roménia, pela Letónia, enfim, pelos
países com fronteira com a Ucrânia. A UE tem apoiado estes países e os
refugiados dirigem-se posteriormente para países da sua preferência. Os Russos
também têm recebido ou forçado Ucranianos a
"refugiarem-se" no território do invasor, ao que parece. Um mês
depois, com a ajuda da maior parte do mundo e o heroísmo do seu povo, parece
que a Guerra não corre muito bem à Rússia. Seria estupendo que o Vladimir Putin
saísse disto humilhado. Em boa verdade vai sair sempre derrotado, porque nas
décadas que se seguirão, a Rússia vai sentir o ódio de todos os povos pacíficos
e indignados com tamanha insanidade. Hoje mesmo decorrem reuniões no Conselho
da UE, e na Nato. O presidente da Ucrânia Volodimir Zelensky participa
nestas reuniões. Ele tem sido ouvido por video-conferência nos principais
parlamentos da Europa e da América do Norte. Antes da sua eleição, ele era
comediante na televisão Ucraniana. O seu principal programa - o mais visto -
era exactamente um em que a personagem que ele encarnava era o presidente do
país. Acabaria por moldar a realidade à sua ficção. A guerra trouxe-lhe uma
popularidade extarordinária. E tem merecido. Apesar de algum desespero e também
algum irrealismo, é verdade que ele tem feito apelos dramáticos que são
compreensíveis. Irrealista é julgar que, com a entrada da Nato na Guerra, isto
é, com a sua globalização, a Ucrânia poderia ser ajudada. Todos perderiam, como
é óbvio com a globalização da Guerra. Em Portugal, este conflito insano trouxe
à tona de água a hipocrisia do PCP e do Bloco de Esquerda, naturalmente. Mas
também de indivíduos e algumas instituições. Enfim, a insanidade não é
monopólio do Vladimir Putin. Mas a sua loucura pede meças. E o ódio que hoje suscita na maioria esmagadora dos países europeus e americanos vai perdurar por muitas gerações.
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