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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Crucifiquem-no

 
Crucifiquem-no!

( Diz-lhes Pilatos: Tomem-no vocês e crucifiquem-no, porque eu não encontro culpa nele.)

Sejamos claros: vinda de um primeiro-ministro, a sugestão para emigrar é uma inabilidade política. Para quem está bem intencionado, representa uma frontalidade despida de enfeites, a que ninguém está habituado. Á frontalidade. Não à emigração. Enquanto comunidade, desabituámos-nos também da verdade, como sabemos. Há décadas, mas com especial ênfase nos últimos anos. Mas há sempre quem queira viver de ilusões. E peça, reiteradamente, uma mentirinha sob a roupagem do positivismo e da esperança. Que é necessária, claro está. É sempre necessária. Também por isso a sugestão é inábil e pode ser negativa. Mesmo neste momento.
A emigração- toda ela- é economicamente desastrosa para qualquer comunidade. Mais ainda quando se trata de jovens qualificados cuja formação custou muito dinheiro ao País. O primeiro-ministro não o sabe? Claro que sabe. Por muito que os barões do seu partido e tanti quanti queiram aproveitar-se dessa inabilidade, a verdade é que só um governante desesperado pela perspectiva de vir a não ter dinheiro para subsídios de desemprego pode sobreavaliar, em seu juízo, um hipotético melhor futuro individual, ao bem-estar colectivo. Ao desejável bem-estar colectivo de que depende a sua reeleição. Julgo que apesar da inabilidade, o PM ponderou estes dois momentos. Para além da referida desgraça que a emigração sempre representa, teremos de reconhecer que ela é um pouco menor se a mais valia for levada para Países de língua portuguesa. Há uma pequena hipótese de virmos a amenizar os prejuízos através da influência da língua. Sem acordo ortográfico. Este, ah! bom! A este digo com seriedade: crucifiquem-no.
              

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