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sábado, 15 de setembro de 2012

Limites

Para tudo há limites. Não é aceitável o tipo de austeridade que se pede aos portugueses: cega, irracional, sacrificando os mais indefesos. Caminhamos para o abismo. Já aqui o disse: a austeridade não pagará a dívida. Ela é necessária para diminuir o ritmo de endividamento, é verdade. Gastámos o que não tínhamos nem poderíamos produzir. Fomos enganados por governantes irresponsáveis que deveriam ser julgados pelo mal que causaram ao erário público, à sociedade portuguesa, logo, a todos e a cada um de nós. A troika não invadiu Portugal. Nem se intrometeu sem ser chamada. Fomos nós que pedimos o "resgate". Fomos nós que tivemos necessidade de os chamar.  Fomos nós que criámos condições para uma austeridade incontornável. Foram os irresponsáveis que nos governaram ( mal) e que se governaram e governam ( muito bem) como todos os portugueses sabem, excepto a Directora do Departamento cuja função é exactamente investigar actos ilícitos (crimes)  ditos de colarinho branco. Algo deve ter feito para ocupar um cargo tão importante. Mas eu não consigo vislumbrar tanta competência e tanto rigor. Peço ajuda a quem conseguir. Enfim, os credores impuseram austeridade para acautelarem os seus empréstimos, o seu dinheiro. O que lhes interessa é que sejam alcançados os objectivos. O tipo de medidas a adoptar são-lhes irrelavantes, desde que percebam que há reformas estruturais que permitirão ao país pagar as dívidas e evitar este constante recurso à ajuda externa. Tem sido uma por década. Mas os donos desta democracia não têm vergonha. Quem nos levou a este estado de coisas deveria ser julgado, evidentemente. Os Islandeses fizeram-no. Ao contrário do que já vi afirmado, há lei para julgar a maioria dos actos criminosos que lesaram o Estado em milhões. Enfim, tudo isso deve ser feito. Mas repito: há limites para tudo e também necessariamente para esta austeridade desumana e que ameaça destruir a economia e a sociedade portuguesas, ou melhor, a comunidade nacional. A farsa democrática em que temos caído, eleição após eleição, na vã esperança de que algo mude deu-nos uma sociedade onde as desigualdades são gritantes. Das maiores desigualdades em toda a Europa, como sabemos. Mas, ao contrário do que vemos acontecer em muitos países, mesmo na Grécia, os nossos políticos e gestores de empresas públicas não se dispôem a dar o exemplo na mais pequena medida de austeridade. Há sectores da administração central, regional e local onde o desperdício é chocante. Onde os enredos burocráticos, inúteis e completamente desnecessários, consomem tempo, paciência e muito dinheiro. Há serviços que só "trabalham" para justificar a sua existência. Todos sabemos disso. O desperdício e a incompetência impedem o país de produzir. Não se vêem medidas para corrigir esses vícios estruturais. Falou-se em cortar as gorduras do Estado. Mas medidas a sério ninguém vê. Para além do mais simples, rápido e banal: o corte de salários que determina menor consumo, que determina o encerramento das empresas, que determina desemprego, que determina menor consumo e mais despesa pública, etc.etc. num infernal ciclo vicioso. Precisamos de consumir menos? É verdade. Precisamos de orientar mais as estruturas económicas para um equilíbrio das contas públicas? È verdade. Mas, sem investimento, não podemos adquirir o equipamento indispensável a essa reestruturação, que tem de se traduzir numa alteração da nossa posição na chamada cadeia de valor. Temos de produzir bens com maior valor acrescentado, sem destruir os sectores tradicionais. Será tão difícil de entender tudo isto? O Estado ( todos nós) emprestámos agora aos bancos ( principais responsáveis pela dita crise) 12 mil milhões para se recapitalizarem. O que vão fazer a esse dinheiro? Porque não se fixam quotas e objectivos anuais para que a economia ( essas famigeradas PME) seja financiada? A rapaziada que nos governa, estes naturalmente, parece terem tomado o país como um laboratório de experiências sociais. Penso que caminhamos para o abismo. Pela incompetência, pela mediocridade, pela cegueira de uma geração impreparada e despeitada até, mas arrogante e segura de todas as suas estúpidas ideias. Das suas idiotias. Somos governados há anos pelos meninos dos partidos ( os JJ), que nunca deram qualquer prova de competência numa actividade profissional. Na vida, em suma. Daí, esta amarga sensação que temos, quando ouvimos os seus belos discursos, de que eles devem viver num país diferente do nosso. Vivem mesmo. O país da partidarite onde passaram toda a sua vida em jogos de intrigas, é pago por nós. Mas nada tem a ver com o país real. Como diariamente se pode constatar. Não precisamos de uma crise política? Não. Não precisamos. Mas não estaremos a viver já uma crise política?  A apregoada estabilidade ( de governação) não é um valor em si mesmo e muito menos um valor absoluto. É tempo de dizer basta. As medidas de austeridade não podem ser cegas. Não podem destruir a economia e muito menos a sociedade que trabalha e produz. É preferível uma crise política à queda no abismo. Em nome dos mais pobres e dos mais indefesos, e sem necessidade de uma mandato específico, também eu digo: basta!

Nota: a fotografia foi retirada de fotosearch.
Declaração de interesses: os rendimentos com que vivo provêm inteiramente do meu trabalho, isto é, não "mamo na teta do Estado."

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