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D. Roberto; retirado de www.samarionetas.com | |
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D. Roberto é o parente português das figuras populares de marionetas ocidentais com origem no Pulcinella Italiano. Todos os parentes europeus que mencionámos anteriormente têm uma fisionomia semelhante, por exemplo, um nariz longo e rubicundo. O D. Roberto português, pelo contrário, não tem uma fisionomia típica. Talvez por isso ele tenha dado origem ao nome pelo qual também ficou conhecida esta forma de teatro: teatro de marionetas, de fantoches ou teatro de robertos, entre outras designações. Em Portugal, as figuras de fantoches e especialmente os robertos emitiam (!) e emitem um som proveniente da utililização pelos bonecreiros de uma palheta. Este instrumento, de difícil maneio, era e é importantíssimo na sincronização de sons, movimentos e gestos dos bonecos. Por não ter uma fisionomia típica, o D. Roberto é um
verdadeiro vira casacas. Como bom português! O uso e também abuso da palheta faz deste boneco um palrador. Tão ao gosto nacional que não vale a pena sequer enumerar os políticos muito bons
em palheta, mas completamente medíocres e até incompetentes no conhecimento e na acção. Políticos e não só. Mas, ainda assim, até para justificar a sua incompetência, conseguem iludir muita gente durante muito tempo.
Palras bem e enganas muita gente. Sobretudo aqueles que querem ser enganados. A peça é recorrente. Daí a situação do País. Também recorrente, aliás. Vale a pena referir que o Mestre António Dias foi um dos últimos bonecreiros nacionais e que o grupo de Alcobaça S.A. Marionetas é depositário dos conhecimentos inestimáveis do Mestre António Dias. É costume associar a origem do nome D. Roberto a uma de duas fontes: à peça
Roberto do Diabo, que teria sido inspirada no Duque da Normandia, ou ao empresário de teatro Roberto Xavier de Matos. Pouco importa. Que o teatro de Robertos tenha uma longa vida, porque é fascinante. Até para poderem denunciar os tristes
vira casacas nacionais que, como trepadeiras insidiosas, de tudo se aproveitam para subir na vida, sem esforço e sem necessidade de mérito. Basta o tráfego de influências, enredo no qual somos verdadeiramente imbatíveis.
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