
A ANACOM veio agora para a ribalta, uma vez mais, a propósito da TDT cujo processo é verdadeiramente vergonhoso. Um professor da Universidade do Minho que me pareceu brasileiro ou, pelo menos, de origem brasileira, denunciou há dias numa rádio o escândalo que a TDT representa na perspectiva do consumidor. Realidade de que todos nós nos apercebemos. Ninguém o ouviu e ninguém dará qualquer importância a isso, claro está. Com a chamada ERC aconteceram já episódios verdadeiramente rocambolescos, como muitos se lembrarão. Por isso temos o jornalismo medíocre que conhecemos e que nos regala diariamente. A AdC ( concorrência) não consegue descobrir (?) aquilo que todos sabemos: que há clara e evidente concertação de preços entre a Galp e as restantes distribuidoras de combustíveis. Claro que a formação dos preços não é rigorosamente igual em Portugal e em Espanha. Mas alguém pressupõe que o peso "de taxas e impostos"- só por si -determine que o gás butano (de garrafa) custe em Portugal o dobro do que custa em Espanha?
Não vale a pena continuarmos nesta onda dos reguladores, sob pena de termos de concluir que essas comissões, institutos and so on, são lugares de óptimos tachos, como acontece com os inúteis conselhos gerais, de supervisão e tanti quanti de que os ex-ministros e outros benfeitores públicos usufruem com descaramento inigualável. Como diz hoje o jornalista Pereira Coutinho, a questão não está só, nem particularmente, na participação do Estado nas empresas. O grande problema que importa resolver é acabar com a participação das algumas grandes empresas no Estado: todas as que vivem à margem do mercado, como bancos, seguradoras, telecomunicações, petróleos, etc, etc.
Por tudo o que suportamos nas últimas décadas já merecemos bem o título de povo mais sofredor, tanquilamente sofredor, quiçá mais masoquista. Esta é seguramente uma das grandes conquistas revolucionárias. Pela revolução e sempre pela revolução, somos hoje o povo com rendimentos mais desiguais em toda a Europa. Só nós atingimos estes níveis de excelência. De que nos queixamos?