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sábado, 22 de dezembro de 2012

Canduras, nacionalizações e BPN

É hoje notícia de 1ª página do Expresso: clientes deixaram de pagar as dívidas ao BPN. Como se fosse "coisa" estranha ou  inesperada,  também os restantes canais de notícias a espalham com ecos de esoterismo. As estaçõs de Rádio: " o buraco BPN não para de aumentar"...etc., etc. É difícil suportar diariamente a imbecilidade e a ignorância. Começando pelos jornalistas. O BPN foi uma das maiores vigarices a que os contribuintes portugueses foram sujeitos. Ponto. Toda a gente o sabe. Não sabe quem não quer. Ou os pobres de espírito. Mas deles - dizem- será o reino dos céus. A que propósito foi a nacionalização? A que propósito foi a concessão de milhões e milhões de crédito  já após a derrocada e correspondente nacionalizão? Foi vendido por meia dúzia de tostões. E mesmo assim, o comprador/a escolheu os "activos" que lhe interessaram. Os chamados "tóxicos" ficaram para o Estado. Melhor dizendo, para os contribuintes, porque essa do Estado é, evidentemente, uma mistificação. Os contribuintes. Os tais que, segundo aquele espantoso Ministro das Finanças Teixeira dos Santos não pagariam um cêntimo pelo BPN. Logo, porque se espantam os meios de comunicação com a realidade mais do que esperada de que os tóxicos acabem por intoxicar? O inverso é que nos deveria espantar. Como é diferente o amor em Portugal! Ninguém comentou sequer o gravíssimo atropelo às regras e princípios da concorrência quando o Governo de então se escondeu atrás da Caixa Geral de Depósitos. Como ninguém comentou o gravíssimo atropelo aos princípios e regras mais elementares do Direito da Concorrência quando se "desviaram"  gestores da mesma Caixa para o seu maior rival, o BCPMillenium.  Pouco importa se eles eram bons ou maus gestores. A saida de um banco público e o ingresso, como principais administradores de um banco privado é intolerável em qualquer país civilizado. Mas, em Portugal, ninguém abriu a boca. Como é diferente o amor em Portugal. Eu e os restantes contribuintes continuaremos a pagar as incompetências, os nepotismos, as imbecilidades dos oportunistas a quem esta mistificação democrática entregou o poder e a arrogância. Esguedelham-se por tudo e por nada. Pelo poder, pela aparência de poder, pela compensação de um ego esfarrapado de maltrapilhos mentais. Que tristeza. Como é diferente o amor em Portugal. Canduras. Não admira que o contribuinte português seja a figura do ano de 2012. E, resignadamente, continuará seguramente a ser a figura do próximo ano.

Nota: o seu a seu dono, evidentemente. Espero que o autor do blog O Pai do Bicho ( Zé Brites?) e o respectivo autor ( derkaoui?) não se ofendam pela utilização da caricatura. Esta utilização é, da minha parte, uma homenagem ao seu trabaho.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Portugal não é a Grécia?

É nosso dever começar por louvar o autor do Henricartoon ( Henrique Monteiro, ao que sei), pela excelente caricatura que tomamos a liberdade de publicar. Esta, como muitas outras caricaturas do mesmo autor demonstram que, apesar de tudo, ainda se fazem coisas muito boas entre nós,.Demonstram que ainda há quem resista à mediocridade em que nos afundamos. Por mero acaso, a última entrada neste blog, também tinha um motivo do grande Rafael Bordalo Pinheiro. O motivo de hoje, pela perspicácia e oportunidade, bem merece estar ao lado do Zé pagante do genial Rafael Bordalo Pinheiro.
 Há uma segunda nota que não podemos deixar em claro: há mais de dois anos ( desde que a "crise" começou) que se ouvem,por tudo e por nada, os políticos e todos  os imbecis, afirmar e reiterar esta ideia: portugal não é a Grécia! Pouco importa estar agora com "tiradas economicistas" e boçalidades políticas. Esta afirmação, que tem algo de arrogante, é mesquinha, estúpida e despeitada. Os Gregos fizeram muitas asneiras com os subsídios que receberam. É verdade. E nós fizemos o mesmo. Mas, para um País que reclama a solidariedade dos restantes parceiros europeus, é completamente estúpido e despeitado querer distanciar-se de um outro membro da UE, só porque julga que não está tão mal. Se queremos a solidariedade dos outros, é nosso dever mostar, no mínimo, a nossa solidariedade a todos e sobretudo àqueles que julgamos estarem piores do que nós. Estarão? É uma questão muito discutível. Mais coragem do que nós têm. E isso traduz-se em dignidade. Talvez a dignidade, ou o que fazemos para a preservar, seja o mais importante do que nos resta. Do que não nos resta, no triste caso nacional. Ao menos, os representantes do povo grego têm defendido os interesses dos representados bem melhor do que têm feito os nossos representantes. É o que penso e, ou muito me engano, ou é também o que pensa grande parte do povo português. Como o cartoon demonstra, talvez estejamos a enforcar-nos em "servilismo" e, por isso, os Gregos nos olhem com espanto e alguma ironia. Tenho para mim que os próximos meses trarão grandes surpresas. Más, infelizmente. Oxala não sejam irreparáveis.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Imperdoável

O Zé pagante ( Rafael Bordalo Pinheiro)
Luís Marques Mendes disse há poucos dias que o Vitor Gaspar deve estar a gozar com o pagode. Louvo a forma directa e honesta como o ex-presidente do PSD - e que até apoiou Passos Coelho - exprimiu a sua irritação e indignação. Sentimentos que se generalizaram.1- Em quem apoiou Passos Coelho, farto da baronagem do PSD e na esperança de quem alguém menos comprometido pudesse fugir à lógica de interesses e de tráfico de influências do bloco central. Estes já se desenganaram, obviamente 2- Indignados estarão também todos aqueles que votaram Passos Coelho para "punir" os últimos anos do PS, particularmente de Sócrates, cuja irresponsabilidade e descaramento muito contribuíram para que o País entrasse no caminho da miséria em que se encontra. Não foram apenas os governos de Sócrates, evidentemente. A irresponsabilidade é muito anterior e nela participaram também governos do PSD, designadamente os do actual Presidente da República. Todos os actos de miopia que trocaram a capacidade produtiva pelos simples e imediatos "subsidios" deveriam ser julgados por má gestão e, sobretudo, por irresponsabilidade e por traição ao que de melhor os portugueses fizeram nos seus oitocentos anos de história. A mediocridade nivelou tudo por baixo. 3- Indignados estarão ainda todos quantos acreditam com naturalidade que, apesar de saberem que a política vive de aldrabice, de nepotismo e de muita corrupção,  a atribuição de responsabilidades governativas deveria, no mínimo, contribuir para que "esse alguém" respeitasse quem lhe dá o poder e as prebendas: quem lhe paga o ordenado e os benefícios presentes e futuros ( que são sempre muitos, como já está demonstrado). Ora, estes ministros têm revelado uma demagogia e uma incapacidade desesperantes. Dizem e desdizem e voltam a dizer que não disseram, mas a culpa é sempre dos outros. Ninguém os entende porque os tolos (todos nósnão entendem tanta genialidade ( a deles). Nada sabem ou revelam saber da vida, da eficiência e equidade de medidas essenciais de governação, em bom rigor, nem português sabem, como se percebe cada vez que os ouvimos. Mas são génios incompreendidos! Caminhamos para o precipício. Tudo isto é imperdoável. Este governo conseguiu dar razão aos "esquerdalhos" - que não confundo com uma esquerda séria e consciente; aos arrivistas - que também soube integrar -; aos demagogos, lunáticos, populistas e até aos dementes ou caminhando para a demência. Arre, porra, que é demais. Isto, tudo isto, é verdadeiramente imperdoável.