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quarta-feira, 19 de abril de 2023

Intromissões


Sempre foi claro que encher sistematicamente a boca com a retórica abrilenta como paradigma e exemplo universal de liberdade não passava de pretexto e orquestrada propaganda para pc's, blocos e tanti quanti. A técnica é conhecida há muitos anos. Falar repetidamente, falar até à saciedade, naquilo que se negará e se distorcerá se conseguido poder para tanto. Vem isto a propósito do dia 25 de Abril. Por muito que custe aos de cujos anteriormente enunciados, eu celebro a liberdade no dia 25 de Abril. Considero que o anterior regime caíu de pobre. Mas não deixo de entender corajosa a revolta dos militares, ainda que tenha sido motivada inicialmente por meras questões corporativas. No entanto, num segundo momento, houve militares, como Melo Antunes e outros que conseguiram tonificar "o movimento" com algum colorido político e merecem admiração também por isso. Depois do gole de Estado, houve um movimento parecido com uma revolução. Muito fugaz, de resto. os tais partidos e personalidades tentaram de imediato apoderar-se da ingenuidade e boa vontade populares. E conseguiram durante algum tempo. Felizmente a liberdade acabaria por vencer. Enfim, a liberdade vale a pena ser celebrada e o 25 de Abril é uma data historicamente correcta para isso. Interrogo-me, pois, a que propósito uma personagem próxima do patético como é Lula da Silva tem honras especiais nesse dia e na Assembleia da República. Sabemos que foi um convite impulsivo e tolo do Senhor Presidente da República. Sim, ele é capaz de coisas tolas, despoletando-as e persistindo nelas, como é o caso. Igualmente tolo é quem desembolsa argumentos rascas para justificar as posições do Senhor Lula da Silva, confundindo isso com a política externa brasileira. Não é que tenha loas a dar a tal política. Mas vários comentadores com memória e razão citaram já a resolução das Nações Unidas que condena a invasão russa da Ucrânia e exige a retirada dos militares do território invadido. O Brasil votou a favor. Ora, após o périplo pela china e trocas pseudo-diplomáticas, o Senhor Lula, tal como Putin, acabou por anunciar com grande sabedoria que os responsáveis pela continuação da Guerra são os Estados Unidos e a União Europeia. Ou seja, como parte que somos desta organização, nós ( Portugal) também somos quem fomenta a manutenção da guerra na Ucrânia. Mas o fraquinho de Lula por ditadores e tiranos não é novo. Adorou o seu irmão Fidel, elogiou sem reservas o Hugo Chaves e até teceu encómios a AL Hassad, para não mencionar muitos outros em África e América Latina. Isto é: o Senhor Lula só ainda não destruíu a democracia no Brasil porque nunca conseguiu força e circunstâncias favoráveis. Pois bem. Vai ser recebido com o esplendor de que somos capazes na sede da nossa democracia no dia em que celebramos a liberdade. Tenho vergonha. Mas não a têm aqueles que indignamente representam o País neste momento. É preocupante. Muito preocupante. Somos governados pela pusilanimidade. Nada mais tenho a acrescentar.