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sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

bottões salgados mas ulrichos

Basta! Não há paciência para tanta demagogia. Não há paciência para esta retórica barata dos bottons, salgados, ulrichs e tanti quanti. Há meses, há anos ( desde 2010, pelo menos) que qualquer pessoa minimamente informada sabe e entende que os banqueiros portugueses não precisam de clientes, porque têm contribuintes. Isto é: vão buscar dinheiro ao BCE a juros muito baixos e compram dívida pública pela qual recebem juros de 6, 7% e mais, como é sabido. Por isso, não financiam as empresas. São financiados pelos contribuintes. Quer no dia a dia, quer em operações vergonhosamente dirigidas a isso, como aconteceu há dois anos com todos, excepto com o Bes, que preferiu utilizar, como gosta de fazer, a engenharia financeira possibilitada pelas variadíssimas empresas do grupo e que também foi denunciada recentemente pela Wall Street. Assim sendo, porque teimam os bottons e similares em insultar-nos dizendo que a afirmação ( tardia) do Senhor Draghi - até essa - é incorrecta?  Porque teimam em chamar-nos estúpidos, cretinos e ignorantes, como se fossemos réplicas da imagem matinal que nascísicamente vislumbram em espelhos dourados? O DN publica a "exposição" ( eles adoram este termo) de 3 bancos nacionais à enorme dívida pública nacional. Enquanto credores, "aprisionam" muito mais facilmente o poder político aparentemente - só aparentemente - democrático. São génios, verdadeiros génios, estes figurões que teimam em tratar-nos como ignorantes. Mas não há dívida pública que lhes valha, quando isto ruir, como está, aliás, a suceder. Os prejuízos, mesmo num negócio que em portugal é obsceno por falta ou por incapacidade do regulador e do poder político, é difícil entender como pode haver prejuízos. Tantos prejuízos. Mas haverá mais. E continuarão a pedir aos contribuintes que exploram com taxas de juros vergonhosas, para os capitalizarem: leia-se: para lhes emprestarmos dinheiro a 1/10 daquilo que nos pedem quando se dispõem arrogantemente a emprestar-nos uns tostões - perdão - uns cêntimos. E há imbecis que afirmam - não está na imagem, porque ficou fora do espaço digitalizado - há imbecis que dizem que as empresas evitam o crédito. Não há paciência. A maldosa "ignorância" destes cabotinos faz perder a paciência a qualquer cristão. Por isso só há uma forma de exprimir esta enorme indignação: pata que os lambeu.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Ao que isto chegou!

O DN de hoje ( 14/11/2013) "noticia" em 1ª página mais um ou vários arquivamentos (de inquéritos) onde estariam implicados altos responsáveis angolanos. Este fadário tem-se repetido desde que o presidente da república daquele país africano ( ex-colónia portuguesa) disse claramente no chamado discurso do estado da Nação que terminara ou deixara de fazer sentido a parceria estratégica  com Portugal. Como é sabido, pouco tempo antes, esse génio da diplomacia e não só, que é agora Ministro dos Negócios Estrangeiros e influente político e advogado, de seu nome Rui Machete, esse génio, dizíamos tinha pedido desculpas a Angola pela existência de processos onde eram suspeitos, arguidos, ou simplesmente referidos os tais altos responsáveis angolanos. E insinuou que a Senhora Procuradora Geral ou alguém por ela, lhe terá garantido que nada de relevante existia na justiça portuguesa contra gente importante e rica de Angola. Esta desmentiu de imediato. Mas passou a arquivar inquéritos mesmo os que já estavam arquivados há dois meses... Perdão. Alguém arquivou, sem que saibamos por quê e inspirados em quê. Desta vez, parece que o Senhor Procurador adjunto - ao que intuímos - terá mesmo referido que o arquivamento talvez contribuísse para apaziguar as relações entre Portugal e Angola. Espantoso. Não contribui. Portugal é hoje simplesmente a lavandaria de Angola - como alguém disse - e eu acrescento, a lavandaria e a sanita. Agora fica claro, mais claro, que o motivo pelo qual a Justiça se move em Portugal é Político. Logo, nada tem a ver com a Justiça. A Justiça é um faz de conta. Junta-se assim alegremente a todos os restantes sectores da administração da res publica. Agora tudo é uma palhaçada - pior, um mero faz de conta - neste país de obscenas indignidades. Por isso não há corruptos condenados. Por isso não tráfico de influências. Por isso os banqueiros fazem o que lhes dá na gana, e têm direito a parangonas de jornais, por mais imbecilidades que debitem e por mais empréstimos que peçam aos contribuintes  para se capitalizarem, ao mesmo tempo que negam pequenos empréstimos às famílias e às empresas, ou seja, aos contribuintes que os "capitalizaram". Não há explicação para o que se passa em portugal. São tantas, tantas e tão frequentes que estamos legitimamente cansados de tanta indignidade. A dívida pública é grande, é gigantesca. Julgo que jamais seremos capazes de a pagar com a capacidade que temos de produzir, ou seja ,de gerar riqueza. O défice continuará a aumentá-la, porque se durante anos as despesas públicas foram o descalabro, a verdade é que a "vaidade" continua e continuará em todo o aparelho do Estado, sobretudo da parte dos mamões que não abdicam dos seus inúmeros e intoleráveis privilégios. Basta olhar. Todos os dias, esta obscena falta de contenção se passeia arrogantemente diante de todos nós.
Mas, o grande problema nacional não é a dívida nem é o défice. É a falta de dignidade.Foi e é a constante alienação de valores. Nada nos resta de autêntico, de realmente valioso. Valem hoje  e tão só - o  chico-espertismo, a possibilidade, fortuita ou não, de influenciar decisões, a "partidarite" conivente, o jeitinho para tirar proveito de tudo o que é coisa pública, etc. etc.. Numa palavra, o nosso grande problema é a indignidade que consome a sociedade portuguesa. Já nem conseguimos reagir aos milhares de casos que documentam essa indignidade: por inutilidade superveniente, por cansaço. Que lástima. 

sábado, 28 de setembro de 2013

AMANHÃ VAMOS A VOTOS!


 Pois é. Amanhã há eleições. temos de aproveitar. É só de 4 em 4 anos. Mesmo para aqueles que são distraídos, tem havido coisas muito divertidas. Com aparência seriíssima. Uma lei que limitava a 3 - já com excepções - os mandatos dos autarcas foi inutilizada pelos Senhores Juízes do Tribunal Constitucional. Como sabemos. Foi um apoio essencial para continuar esta mistificação dita democrática. E como eles gostam: os ditos autarcas. Ninguém se demite e até ameaçam como o antigo Presidente de Gaia que seria presidente directa ou indirectamente. O homem tinha toda a razão, como se viu. Como candidato, foi confirmadíssimo pelos Senhores Conselheiros que, por acaso, estão sempre à beira da reforma. E não é por vetustez.
Amanhã há eleições. Vamos todos votar. Na "tasca" onde almoço há açorda alentejana. Não é em Coina. nem em Picha. Escusam de aguçar o dente. Quem diria que os Municípios e as Freguesias oferecem lugares tão apetecíveis. Há quem se pele por manter ou conquistar o lugar. Como esta campanha - e todas as que a precederam - demonstraram à saciedade. As responsabilidades são poucas e ninguém as pede. O poder- ainda que pequeno - faz bem ao ego. Com pequenos abusos à mistura predispõe à corrupção, ao nepotismo, ao jogo de influências. Que diabo. Afinal é só o dinheiro público que está em questão. e que gira em mais uma rotunda. Nada de muito relevante. A democracia, como é sabido, é só o pior dos regimes depois de todos os outros. Churchill foi genial e a frase é simplesmente incontroversa. Tudo isto é conversa fiada. e despeito de quem não tem um "tachinho" com cartanito partidário - de preferência - ou como independente. Mas esses não dão muita saúde à referida democracia. A que, paulatinamente, se foi acantonando neste canto ocidental da Europa, através de compadrios, amizades e muita muita corrupção é uma mistificação sem remendo que lhe valha. Quod erat demonstrandum. Que importa isso? Amanhã há eleições. Bolas, bolas, temos de aproveitar. Destas, só daqui a 4 anos. Toma lá que já almoçaste.


domingo, 14 de julho de 2013

Gira, gira dobadoira

O Senhor Presidente fez-se anunciar e falou. Agastado, mas falou. O que disse? Ninguém sabe. Ou não fosse Presidente. Os indefectíveis dizem saber. Boa ideia com um contra, um probleminha, (Com AO). Como tem uma ideia minimalista dos seus poderes constitucionais,  decidiu alterar a constituição: o governo deixou de ter um mandato de 4 anos e passou a ter um de 3. Haverá eleições em Julho de 2014: no pós-troika, que é a sua consabida obsessão. Que importa a troika? Tudo o que agora se passa não importa para nada. o que importa é o pós-troika. Como a economia sofre sempre com actos eleitorais e sobretudo com o tempo que as eleições requerem -os mercados que o digam - então marcamo-las com um ano de antecedência. Agora, não pode haver eleições. Mas podemos marcá-las para daqui a 1 ano. Sempre é maior a campanha eleitoral. Mais. Os lideres partidários que se entendam, porque este ponto deve constar do acordo a três. A três porque é a conta que Deus fez. Claro está, branco é, galinha o pôs. (Sem AO). Ora essa. Gira, dobadoira, gira. E não enrices a meada. Uma demissão desgraçadamente atrasada 8 meses - ao que dizem -. Uma outra irrevogável, mas que não foi aceite e por isso mesmo o puto da esquina pôde revogar logo a seguir. Uma posse pelo meio na sombra dos swaps. Que lindo, que luxo. Que democracia invejável. Seguramente - até tenho medo deste advérbio, não vá o adverbiado zangar-se -que o novo grito democrático de expressão mundial será este mesmo: também queremos um presidente assim. Será palhaço? Não será palhaço? Isso é matéria muito importante. Por isso fica ao cuidado do ministério público decidir o enredo. Mas que falou, isso falou. O que disse? Ninguém sabe. Nada disse sobre o acordo existente. Mas disse que tinha de haver um acordo inexistente. Gira, gira, dobadoira.  Até porque era só o que faltava. Somar a uma crise económica, uma crise política. Há aqui um erro de paralaxe. Velho, muito velho. A crise politica, a crise da mediocridade dos políticos que há décadas desfilam no circo nacional, é aquela que tem causado todas as outras. Os palhaços e alimárias várias não são apenas aqueles que hoje ocupam a arena. São todos os que a ocuparam durante as últimas décadas. Mas que agora tecem comentários doutos. Tudo é douto, entre nós, pois claro. Tão douto que até a Simone de Beauvoir conhecem. Imaginem. Gira, gira dobadoira, não enrices a meada. Tinha de falar assim, o Presidente. Em nome do País e não dos partidos. O País primeiro, pois claro. Até porque o PSD jamais aceitaria o acordo negociado agora com o CDS. Jamais aceitaria um governo em que o CDS tivesse predominância. Exactamente. Porque o que importa é o País. Não são os Partidos e muito menos as pessoas. Por isso, o Senhor Presidente nunca poderia aceitar o acordo que o Coelho fez com o Portas. Pois claro. Gira, gira dobadoira. Não me enrices a meada. Também quero. Gritam as criancinhas, por esse mundo fora, nos festivais de inovação e criatividade. à espera do prémio. Também quero um presidente assim. Tão criativo. Tão inovador que até mete raiva. Gira, gira dobadoira, não enrices a meada.  

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Espúrias irmandades, tristonhas primaveras!

Há um ano, os "sábios comentadores" deste ocidente ofuscado com as suas mistificações democráticas, viam a primavera em todos os outonos, estios e invernos agitados pelas multidões do próximo e médio oriente. Até a irmandade muçulmana e a sharia eram benvindas, no Egipto ( ou Egito?) que arredara- finalmente - um moribundo Mubarak e respectivos familiares. Os movimentos de rua sucediam-se em todo o lado. Até - graças a Deus, que não a Maomé -na Líbia de Kadafi, o amigo de Sócrates. Aqui, pior não sucederá, porventura. Mas nunca se sabe. No Egipto, os militares intervieram uma vez mais. Estiveram quietos tempo demais. Para o seu gosto, evidentemente. Parece que os seus privilégios são tais, no meio de uma sociedade desgraçadamente desigual, que estão sempre à vontade para agir em nome do povo. Como noutros quadrantes. Em nome do povo, tudo é possível. A questão central passa, pois, a ser esta: o povo! que diabo de "bicho" legitimador é este? Para os sábios que nos conformam diariamente, pelo acesso que têm aos meios de divulgação propagandística, a legitimação vem do voto. O voto. O voto. Ora agora votas tu. Ora agora voto eu. Votas tu mais eu. Votamos todos. E legitimamos deste forma todas as irmandades espúrias do planeta. Como legitimamos deste modo todas as incompetências, irresponsabilidades, corrupções e demais vícios que possam ser assacados aos "eleitos". Ser eleito é isso mesmo. Ou não será? Temos exemplos na nossa praça - antigos e recentes - de quem procura ser eleito apenas para justificar patifarias várias e até de quem, por esse meio democrático, procura impunidades. E bem sucedidos, em grande parte dos casos. Daí que o povo - o tal - já tenha aprendido a dizer: parvos são os honestos. É enorme a sabedoria popular. Sempre foi muito grande a sabedoria popular. Por isso elegeu a irmandade muçulmana no Egipto, há um ano. Por isso bateu palmas quando os militares depuseram o chefe da irmandade muçulmana, ontem. Quando lhes encerraram a televisão e prenderam os jornalistas. Quem diria? A democracia, enquanto conceito, continua um aferidor razoável. Mas é preciso entender que a democracia não é, nem se resume ao voto. Para que a democracia faça sentido, é preciso que tenha condições sociais que permitam uma escolha consciente e ponderada. Será possível? Nem sempre, é claro. Mas é possível ir criando condições para tanto. É indiscutível que as massas populares são cada vez mais susceptíveis à demagogia. O caso português é paradigmático, e justifica o insucesso das últimas décadas: a corrupção, a incompetência, a irresponsabilidade são resultado do voto popular em demagogos. Que tudo prometem para ganhar. Mas que uma vez no poder, usam-no no seu interesse e no interesse dos seus circulos, sempre com a perspectiva de assegurar a "retirada". Por isso beneficiam quem lhes pode garantir o futuro depois da " comissão de serviço". Se bem nos parece, só a educação permitirá debelar e melhorar gradualmente esta tendência popular irresistível para os reality shows e para o voyerismo. Num primeiro momento, não haverá muitas outras alternativas, senão a de uma 2ª Câmara. Um Senado, ou algo semelhante, independentemente do nome, mas cujos membros a eleger não dependessem integralmente do voto igualitário resultante apenas de uma campanha eleitoral e da segregação partidária. Esta segunda Câmara funcionaria como um "travão" para as precipitações da 1ª, ou Câmara dos representantes, como queiramos chamar-lhe. E indirectamente poderia assegurar alguma censura às irresponsabilidades dos executivos. A grande asneira que tem sido repetidamente cometida na organização do sistema educativo em Portugal, mas não só, é perspectivar esse sistema à imagem do sistema político: um poder executivo, uma assembleia, etc. A função do professor assenta na mais profunda e autêntica dádiva democrática. Dando o seu saber, o professor - todos os professores - dão tudo o que têm de melhor.  Logo, dão o poder de que dispõem. Por isso é estulto um sistema de ensino que esqueça esta realidade. Também por isso, ao que nos parece, o futuro da democracia - para quem a queira preservar - só dependerá do conhecimento e da educação dos súbditos. Que termo desgraçado. Dos contribuintes. Sim, porque é altura de os sistemas continentais repensarem o papel dos Estados. Este conceito nada esclarece. Mas ajuda a confundir. Sendo verdade que o conflito social mais importante do sec.xxi é a tensão entre o indivíduo e a organização. maxime, a dos Estado. Haverá alguém que não tenha já sido atropelado por qualquer espécie de burocracia Kafkiana?

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Macacadas

Macacadas! Não há outra palavra - melhor. haverá várias porventura mais descritivas ainda - para a irresponsabilidade dos incompetentes que, através de um sistema partidário que apela ao compadrio e à corrupção, abocanharam o País há décadas. Esta mistificação democrática oferece-nos espectáculos cada dia mais patéticos, mais absurdos, mais vergonhosos. Pobre país. Pobre povo. Tem elegido - e não foi só no último acto eleitoral - uma verdadeira cambada de corruptos, incompetentes, irresponsáveis que abalaram os alicerces do Estado- nação mais antigo da Europa. Como é fácil destruir. Até 8 séculos de história podem ser destruídos em algumas décadas: com demagogia, com imbecilidades e com incompetência. Sintetizar tudo isto é cansativo, evidentemente. A desagregação da sociedade portuguesa tem algumas correspondências em processos havidos e a haver noutros países ocidentais. Mas, como sucede com todos os patetas, temos feito questão de ir à frente. No plano interno, chega a ser doloroso ouvir os principais responsáveis por esta farsa, derreterem-se em "comentários" moralistas, como se nada tivessem a ver com o assunto. A macacada de hoje é o resultado da demissão do Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas, também presidente do CDS-PP, o segundo partido da Coligação no poder. Esta demissão seguiu-se à do Ministro das Finanças Vitor Gaspar, que terá contribuído grandemente ( com a desculpa da troika) para destruir a capacidade produtiva do país. Já era pouca, é verdade. Mas a chamada austeridade  acéfala e inconsequente acabou com ela. Sem produzirmos é evidente para qualquer ignorante que não temos rendimentos, nem teremos, que permitam pagar a dívida monstruosa que deixámos acumular durante décadas. Segundo parece, Portas terá apresentado a demissão ontem de manhã. Pois bem. À tarde, e sem que nada se soubesse ( oficialmente) o presidente da república ( será?) empossava a ex-secretária de estado do tesouro ( Maria Luís Albuquerque) como a nova Ministra das Finanças. Enquanto a peça burlesca decorria em Belém, discutiam os comentadores a demissão do Paulo Portas. À noite, pouco depois das 20h00, o Senhor primeiro ministro viria dizer que não se demitia nem aceitava a demissão do ministro dos negócios estrangeiros. Espantoso, tudo isto. Verdadeiramente extraordinário. Como é possível? A latere: esta manhã, noticiava um jornal que o marido da dita Maria Luís, desempregado há uns meses, teria sido agora contratado para consultor da....EDP..., pois claro. Nunca perdem, como se vê. Entretanto, na farsa da Justiça que ( não) temos o ex-presidente do Benfica, Vale e Azevedo, foi condenado a 10 anos de prisão por apropriação de dinheiro de transferências de jogadores. Mas... a outro figurão foi perdoado o crime fiscal por ter pago um milhão e duzentos mil euros. Tudo isto é exemplar. Tudo isto é fado. Mau. Reles. Mais do que um simples fado. Um fadário insuportável.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Na Choldra, cantando e rindo.


 Ouvi ontem, estupefacto, o Senhor Primeiro Ministro afirmar - em Viena de Áustria, ao que me pareceu - que se o Tribunal Constitucional confirmar a decisão da Relação de Lisboa no sentido de "impedir" a candidatura do Dr. Fernando Seara à Câmara da Capital, então alterar-se-ía a Lei de limitação de mandatos. A tal, de que aqui já falei. Repito: ouvi, estupefacto. Mas não tenho razão. Aferindo pelas reacções da ilustríssima imprensa nacional, tais declarações parecem vulgares. O Senhor Primeiro Ministro até decidiu pronunciar-se no sentido de o entendimento dos Tribunais não estar de acordo com a vontade do legislador! Corro o risco de ficar mal visto, pois claro. Mas não resisto a dizer ao Senhor Primeiro Ministro que, em matéria de interpretação e aplicação da lei, a primeira coisa a ter em conta é o artigo 9º do Código Civil. Ora, este artigo 9º, produto de séculos de labor doutrinário e jurisprudencial, diz-nos que não é à vontade do legislador que o intérprete/ aplicador deve atender, mas sim à vontade legislativa. Que não é a mesma coisa, Senhor primeiro ministro. Ora bem, dirá o senhor: então altere-se o artigo 9º do Código Civil. É possível tudo isto? Estará mesmo a acontecer? Será que, com este poder político, ainda é possível afirmar-se que há uma democracia em Portugal? Mais; será possível afirmar-se que este pobre sítio é uma sociedade organizada com princípios e regras que não envergonhem uma pessoa razoável e comum? Será que que o Senhor Primeiro Ministro, Jornalistas e Prolixos e Sábios Comentadores da Paróquia não se apercebem que a citada afirmação traduz uma mentalidade anterior à da revolução francesa, cuja 1ª e mais importante conquista foi a de afirmar que a lei, geral e abstracta, é igual para todos? E que a organização da sociedade em Estados só faz sentido se houver separação de poderes? Já não basta nada saberem - os meninos -, nada terem feito, enquanto cidadãos a não ser a escola completa da sua juventude partidária. O País está de cócoras e arruinado. E os culpados decidem que ou as coisas são como entendem ou muda-se a lei. Um espanto. Um verdadeiro espanto. Mas o que verdadeiramente impressiona é a resignação, esta triste e dolorosa resignação de um País que D. Carlos definia como uma choldra. Com toda a razão. Como pode ver-se.


sábado, 25 de maio de 2013

É a hora...do investimento, estúpido!

Chegou a hora do investimento, diz ele. Naquele seu jeito pausado, convencido, falando para o Álvaro. A seu lado, angelicalmente. Porque poucos se dispõem a ouvi-lo. Poucos acreditam que algo de substancial possa sair dali. Mas o que significará  a hora do investimento para o Senhor Gaspar? Ninguém sabe, naturalmente. Os desígnios do Gaspar, como os do Senhor, são insondáveis. Não significará certamente que ele ( o Gaspar) irá investir em algo produtivo. Nunca o fez, que se saiba. Mas, não investindo fundos seus, poderia providenciar para que houvesse investimento público. Ninguém acredita. Para além daquilo que está programado, as receitas fiscais para pouco mais darão. Por isso, o Senhor criou um "isco": quem investir até Dezembro de 2013, terá descontos acentuados no IRC ( até 70% da colecta). Que será pago em 2014, claro.Ou não será. Que inteligente. Que medíocre. É alguma coisa, dizem. Talvez. O Senhor também saberá alguma coisa da abstracção dos números e pouco, muito pouco da realidade, das empresas, da vida, em suma. Sabe o que as empresas e os empresários queriam, Senhor Gaspar? Queriam pagar IRC. Veja bem. O que os empresários gostariam era de poder pagar IRC. Refiro-me, evidentemente às PME. Aquelas de que tanto se fala e que tão espezinhadas são. Se o Senhor não tivesse deprimido o mercado, e as empresas pudessem vender os seus produtos lucrativamente, então tudo estaria bem. As empresas pagariam salários, teriam lucros, e poderiam pagar impostos e investir. Nestas condições, até gostariam de pagar impostos. Eu sei que o Senhor não acredita. Mas é a verdade. É a verdade para a maioria absoluta dos casos. São os bancos, as seguradoras, as edps, as pt's, enfim, as grandes empresas que gravitam naquilo a que chamo "a esfera pública" ( mercado não concorrencial),  que criam offshores e utilizam todos os artifícios para fugir ao fisco. Não são as pequenas e médias empresas, Senhor Gaspar. Essas, a maioria esmagadora das criam riqueza em Portugal, gostariam apenas de não ter de esbarrar diariamente nas imbecis teias burocráticas que lhes consomem tempo e dinheiro. Que as impedem de produzir.A burocracia e a ineficiência dos serviços públicos é um entrave sério, muito sério, à melhoria da produtividade do País. Mas o Senhor Gaspar não vê isto. Desconhece isto. Porque desconhece a realidade. Porque desconhece a vida. Por isso, dentro de um ano, concluirá-ou talvez não- que não houve criação de emprego, como previra. Logo, não era a previsão que estava errada. Era o facto de os empresários portugueses quererem pagar mais impostos, menosprezando o importante desconto agora imaginado. Vejam bem. Um desconto sobre zero é zero. Uma impossibilidade aritmética. Aí está. Uma impossibilidade aritmética. Este Senhor fará com que todos tenham razão: até o Jerónimo. Mais. Até o BE e o primo Louçã. Quem aposta? Quem vai a jogo?

terça-feira, 16 de abril de 2013

O Catedrático

Ulrich "perplexo" com declarações de Passos Coelho

É espantosa a sabedoria deste homem. Ninguém "aguenta" tanto saber e tamanha humildade. Sim, porque ele exprime com muita humildade o muito que sabe. Quando se tratou de saber se o povo português aguentava mais austeridade- lembram-se?- logo veio a terreno o sociólogo Ulrich, Fernando, declarar, peremptoriamente, ai aguenta, aguenta. Quando, a seguir, alguém lhe falou nesta sua palermice, noutra local, também se mostrou estupefacto ou perplexo, e veio com a rábula de gosto excelente dos sem abrigo. Cada vez que o figurão abre a boca, sai sabedoria. A perplexidade, agora, veio acompenhada da tirada de que a  função especial dos bancos é proteger os depósitos. Logo, são as operações passivas que constituem o grande negócio dos bancos. Os mais ignorantes poderiam ser levados a pensar que, sem operações activas, designadamente a concessão de crédito, os bancos não ganhavam dinheiro nem tinham lucros. Mas estavam e estão enganados. O Senhor Ulrich, Fernando, é um depositário: de sensatez, de certezas, de sabedoria e de insultos aos seus depositantes, entre os quais eu não me conto. Provavelmente até tem razão! Expliquemos. Já em plena crise e Socrático consulado, o Senhor e os restantes pediam  emprestado ao BCE a 1% e compravam dívida pública a 7 e 8%. Mais até, como sabem. Durante este período, os bancos portugueses (e designadamente o Senhor Ulrich, Fernando,) não precisavam sequer de clientes. Tinham contribuintes. Tudo em virtude da regra imbecil, mas muito útil para os banqueiros que a criaram ( parcialmente já alterada, entretanto) de que o BCE não podia conceder crédito directamente aos Estados. Só aos bancos. Eram estes que emprestavam aos Estados. Exactamente o inverso daquilo que aconteceu nos EUA. Até que os nossos bancos atingiram um limite de "exposição" que o BCE considerou excessivo. Quando este banco ( BCE) restringiu o crédito, reuniram as sabichões -lembram-se? - e numa noite correram todos os Telejornais clamando pela necessidade de pedirmos ajuda externa. Sejamos precisos: pela repentina necessidade de o Estado Português pedir ajuda externa. Precisemos ainda mais. Os Senhores correram com o Sócrates. Houve eleições. E a ilusão democrática fez-nos crer que foi o povo. Os velhos truques contabilísticos do Ulrich, Fernando e seus companheiros, vieram " à luz" apenas com as exigências da Troika. Foi aí que descobrimos que os "sábios", afinal, não protegiam os depositantes, porque os seus rátios de solvabilidade estavam muito maus. O sábio Ulrich, Fernando, e outros, tiveram então que pedir uma vez mais ajuda aos contribuintes portugueses para se capitalizarem. Lembram-se. A este sábio, nada perplexo, então, coube a quantia de bem mais de mil milhões. Os portugueses resgatados endividaram-se para capitalizar o seu banco. Sejamos rigorosos. Os portugueses endividaram-se para proteger os depositantes do Senhor Ulrich, Fernando. Mas o sábio não mostrou, então, a mais pequena perplexidade. Coçou para dentro, como sempre fez. Mas com muita sabedoria. A razão pela qual o seu banco não tinha ratio considerado suficiente para proteger os seus depositantes e precisou de pedir dinheiro aos contribuintes, não foi dita a ninguém. É deveras "tocante" ver o Senhor Ulrich preocupado pelo facto de o Primeiro Ministro mencionar a Caixa Geral de Depósitos. Por que será? Seja qual for a opinião sobre o Primeiro Ministro, não será ele o representante do único accionista da CGD? Porque será que o Senhor Ulrich, Fernando, se incomoda tanto com aquilo que o representante do accionista diga sobre a forma de actuar do seu banco? Será que o Senhor Ulrich, Fernando, não pode falar sobre o BPI? Ou qualquer outro accionista deste glorioso banco, tão bem gerido que precisou de pedir ajuda aos contribuintes portugueses? Há uma diferença, como é bom de ver. O BPI terá milhares de accionistas. A CGD só tem um: o Estado Português. Essa falácia utilizada em lugar de contribuintes. A CGD é um banco público, Senhor Ulrich, Fernando. Trate do seu BPI e deixe aquilo que é de todos em paz. Deixe-nos em paz. Porque, na verdade, na verdade, lhe digo: V. Exª é aquilo a que os franceses chamam um emerdeur ou aquilo a que os Americanos do Norte chamam a pain in the ass. Nós, depois desse esplêndido acordo ortográfico, diremos como os brasileiros: não encha o saco. Sempre é mais soft.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Que viva o Teatro

  1. Hoje é o Dia Mundial do Teatro. 

O Teatro também é palavra. Mas é gesto, atitude, símbolo. Como dizia o poeta da poesia, poder-se-á dizer do Teatro: cést le réel absolu. E ainda com referência à poesia e ao poeta, as palavras de Fernando Pessoa: o poeta (actor) é um fingidor, finge tão completamente, que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente.
Transcrevemos o texto da actriz Judi Dench, escrito para este dia e também o do nosso Rui Mendes, escrito a pedido da Sociedade Portuguesa de Autores. Que viva o Teatro.
   O Dia Mundial do Teatro é uma oportunidade para celebrar o Teatro nas suas múltiplas formas. O Teatro é uma fonte de divertimento e de inspiração e tem a capacidade de unificar as numerosas populações e culturas existentes no mundo. Mas é mais do que isso e também oferece oportunidades para educar e informar.
O Teatro é feito por todo o mundo e nem sempre nos espaços tradicionais de teatro. Os espectáculos podem acontecer em uma pequena aldeia de África, no sopé de uma montanha da Arménia, em uma pequena ilha do Pacífico. Só precisa de um espaço e de público. O Teatro tem o dom de nos fazer sorrir, de nos fazer chorar, mas também deve fazer-nos pensar e reflectir.
O Teatro faz-se com trabalho de equipa. Vêem-se os actores, mas existe um conjunto extraordinário de pessoas que não é visto. Elas são tão importantes como os actores e são as suas competências diversas e específicas que permitem que o espectáculo aconteça. Devem receber parte do triunfo e sucesso que se espera obter.
O dia 27 de Março é a data oficial do Dia Mundial do Teatro. Mas todos os dias deviam ser considerados, de maneiras diferentes, como um dia de Teatro, pois temos a responsabilidade de continuar essa tradição de divertimento, de educação e de edificação dos nossos públicos, sem os quais nós não poderíamos existir. 
Judi Dench

A Sociedade Portuguesa de Autores pediu ao actor e encenador Rui Mendes que escrevesse uma mensagem para o Dia Mundial do Teatro.
"Apagam-se as luzes da sala. Acendem-se as luzes da cena. Entram os actores. Começa a escorrer para a plateia um caudal de sons que se transforma em ideias, de palavras vestidas de imagens, de ritmos que ressumam beleza, de corpos humanos que desenham poesia. 'A poesia ensina a filosofia' disse Aristóteles. O mesmo faz o Teatro. São coisas inseparáveis.
Há muitas formas de dar início a um espectáculo de teatro, mas só há uma de o terminar: é com a gostosa recordação do que é efémero, daquilo que durante algum tempo nos preencheu os sentidos e o espírito, e que não volta a acontecer, senão na nossa memória assim enriquecida para o resto das nossas vidas. No verdadeiro teatro este é o sentimento que, no final, une os que o fizeram àqueles que a ele assistiram. É um dos milagres do Teatro.
A palavra TEATRO, deriva do grego 'THÉATRON', 'lugar de onde se vê'. Há os que vêem e os que são vistos. Há os que ouvem e os que são ouvidos. Mas todos são feitos da mesma massa, embora de diferentes cores de pele e de cabelos, de todos os tipos de educação e de formação, com variadíssimas experiências e objectivos na vida.
E se, pelo menos na cena, todo o colectivo teatral tende a ser uma comunidade homogénea sem a qual não pode funcionar, já o mesmo se não pode dizer dos que estão na plateia. A utopia de uma sociedade igualitária, sem chocantes divisões sociais, está longe de vir a ser uma realidade palpável. É um futuro eternamente adiado.
Talvez que a permanência de problemas por resolver seja uma das nossas razões de existir, uma espécie de sal da vida. Mas persistem teimosamente dramas concretos que afligem cada vez mais os seres humanos. E não devia ser assim. O teatro que é e terá de ser sempre poesia, não pode nem deve, talvez por isso mesmo, ficar indiferente.
Num mundo cada vez mais superpovoado, permanecem os conflitos sociais, as lutas tribais, as religiões, os ódios, as guerras pelo poder, as discriminações, as economias selvagens, a fome e toda a espécie de privações forçadas. E que ninguém venha pedir contas ao Teatro e aos que o praticam, de serem culpados de alguma coisa.
Pelo contrário, o Teatro tem sido, por várias formas, uma flecha arremessada aos poderosos, um aríete apontado aos portões da crueldade, dos gananciosos, dos desonestos e dos oportunistas. O Teatro só pode ser praticado com afectividade, com a generosidade de dar e com a coragem de pugnar pelo bem. Caso contrário renega-se, abastarda-se. Por estas razões ele devia estar na primeira linha das preocupações dos governantes, que têm a estrita obrigação de o apoiar com justeza e visão. Mas até talvez seja por estas razões que eles tanto o desprezam, quando não o combatem abertamente.
Jean Paul Sartre disse numa entrevista: 'Uma peça escapa ao seu autor desde que o público está na sala.' E mais adiante: 'Em Teatro as intenções não contam. O que conta é o que sai. O público escreve tanto a peça como o autor'.
Sófocles, Gil Vicente, Shakespeare, Molière, Goldoni, Schiller, Goethe, Ibsen, Strindberg, Tchecov, Shaw, Pirandello, Brecht, Beckett, Osborne, Pinter, entre muitos, muitos outros autores teatrais, preocuparam-se e reflectiram sobre os problemas do seu tempo, que curiosamente são os mesmos de hoje. Não podemos deixá-los a falar sozinhos.
E esta obrigação envolve-nos a todos: dramaturgos, encenadores, artistas plásticos, músicos, actores, produtores e até o próprio público, sobretudo aquele que não vai ao teatro. É preciso fazer chegar o Teatro ao maior número.
Só assim será possível ajudar a mudar o Mundo. Para melhor, claro. 'Para pior já basta assim'."
Rui Mendes

domingo, 3 de março de 2013

Tão certinhos que nós somos.

A prof. Fernanda Palma mantém uma coluna no Correio da Manhã, intitulada  Sentir o Direito. Em regra, aborda questões de Direito Penal e devo reconhecer que se trata de uma coluna útil, visto que a professora utiliza uma linguagem simples e os assuntos, mais ou menos pertinentes e oportunos, são tratados com o claro propósito de esclarecer os leitores do Correio da Manhã. Hoje, a professora Fernanda Palma decidiu escrever sobre a lei 46/ 2005, ou melhor, sobre futilidades que têm vindo a público a propósito da Lei 46/2005. Sim. É a tal da limitação dos mandatos dos presidentes dos órgãos executivos das autarquias locais. Curioso, A senhora Professora diz nada.  Decide escrever sobre uma questão de grande oportunidade e com repercussões políticas evidentes. E nada diz. Não dá a sua opinião. Não nos diz que princípios e elementos devem ser levados em conta para interpretar esta e todas as outras leis. Nada. Porquê? Conta as pequenas e ociosas histórias do "da" e do "de", como se este patético pormenor gramatical tivesse alguma importância na interpretação desta norma. Fala-nos das duas interpretações que têm vindo a público e diz-nos que ambas são possíveis. Claro que sim, senhora professora. São possíveis essas duas como outras quinhentas. Mas sabe uma coisa? Quer verdadeiramente saber? Só uma,- repito -só uma, das duas ou das quinhentas  - é científicamente correcta. Era isto que V. Exª poderia e deveria ter dito enquanto cidadã e enquanto professora de Direito. Só uma é cientificamente correcta. E é correcta aquela que respeite as regras do artº 9º do Código Civil Português, que diz isto: " artigo 9º- Interpretação da lei. 1- A interpretação não deve cingir-se à letra da lei, mas reconstituir o pensamento legislativo, tendo sobretudo em conta a unidade do sistema jurídico, as circunstâncias em que a lei foi elaborada e as condições específicas do tempo em que é aplicada. 2.... 3....". Numa palavra, a ratio legis é o elemento hermenêutico determinante. O "de" ou o "da" nada significam no caso presente. Qualquer cidadão minimamente informado e conhecedor das circunstâncias que levaram à aprovação desta lei ( ocasio legis) e do propósito legislativo ( que não do legislador) sabe, lendo o artº 9º, cujo nº 1 transcrevemos, que é à presidência da câmara e da junta de freguesia ( de todas as câmaras e de todas as juntas de freguesia do País) que a lei se refere. Tanto assim é que a única proibição se reporta ao 4º mandato sucessivo ( e com a excepção de estar no 3º mandato aquando da aprovação da lei). Qualquer outra interpretação é incorrecta. é oportunista e é fraudulenta. Esperemos que os Juízes a quem já foram submetidos alguns "casos" a este respeito, tenham a coragem e o rigor de afirmar esta verdade insofismável: os "salta-pocinhas" e respectivos partidos cometem uma fraude à lei quando querem aproveitar-se do que dizem ser uma falta de clareza. Mas é preocupante e nunca deixará de ser preocupante, este temor reverencial perante o oportunismo dos partidos políticos que tudo fazem para tirar partido da má legislação que propositadamente "produzem" na Assembleia da República. É preocupante esta "descalcificação" da coluna vertebral que contaminou o País inteiro. Tal como sucede com o governo perante a troika, também pessoas com responsabilidades sociais manifestam um medo do poder que é preocupante para todos e vergonhoso para as instituições e para o Estado de Direito. Eis a primeira razão para explicar as calamidades que hoje vive a sociedade portuguesa. Tão certinhos que nós somos! Tão bem comportados! Sempre à espera das migalhas do poder! Esperava mais de uma professora da minha faculdade.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Bancos, banqueiros, bancários & Cª

Só tem dúvidas quem quer. Nos últimos tempos, é constante a revelação dos escândalos com bancos, designadamente europeus e que conseguiram durante décadas projectar imagens de prestígio. Prestígio? Por lavagem de dinheiro, como autores, veículos, ou até instigadores? Por boicotarem decisões da comunidade internacional e por auxiliarem até o terrorismo? Por fraudes e manipulações de taxas de juros ou de referência ( Libor, v.g.) com objectivos gananciosos e para contornar regras elementares de supervisão? Prestígio? Com sistemáticas fraudes fiscais e não só? Com offshores e sociedades fantoche? Como é possível que os responsáveis por estas sociedades ( ou instituições, como "eles" gostam de dizer), debitem diariamente as maiores vulgaridades com a chocante arrogância de quem vê no próximo apenas um ignorante ou um débil mental? Como é possível que os seus servidores maltratem o pobre cidadão com uma dívida de algumas centenas de euros, só porque o seu nome consta da central de risco do banco de portugal, ou de qualquer outra central de risco. Que risco?
O risco de de "eles" terem arruinado os valores mais elementares da vida em sociedade? O risco de pagarem prémios de milhões aos seus gestores ao mesmo tempo que pedem aos contribuintes "para os capitalizarem"? Parece que, nos Estados Unidos, alguns já acordaram no pagamento de milhões para evitarem a acção da Justiça. Interessante lenitivo. Se falirem,( insolvência é mais suave) como parece ser o caso do suiço Wegelin, lá se consegue mascarar, uma vez mais, outra situação intolerável. Sempre à custa do contribuinte: tax payer, para os mais pragmáticos anglo-saxónicos; estado é a mistificação europeia de inspiração francesa. Contribuintes. Zé pagante, como nos chamou Bordalo Pinheiro.
Já ninguém pode ter dúvidas. Para além da indiferença pelos valores da vida em sociedade; para além de terem estado na origem da maior crise de que há memória nas últimas décadas, estas sociedades financeiras controlam o poder político através dos mecanismos mais arrevesados que conseguimos imaginar. Em bom rigor, a democracia é hoje apenas a burqa que esconde os verdadeiros centros de poder. Portugal é paradigmático a este respeito. Mas, dizíamos, para além de tudo isto - e é tanto que custa a acreditar - os actos de natureza criminal que vão sendo revelados ( a conta gotas...) indicam que, em boa verdade, estas sociedades financeiras são verdadeiros gangs de malfeitores legalmente legitimados. Que raio de sociedade criámos? que raio de sociedade continuamos a fomentar?
Claro que não pensamos ser minimamente desejável qualquer esquerdismo inconsequente, como clamam os fregueses oportunistas que diariamente nos cansam com as mesmas balelas de sempre: imbecis e irresponsáveis. De resto, sabemos bem ( por décadas de conhecimento e alguns até de experiências) onde pretendem chegar estes esquerdismos e o que fizeram da sociedade quando tiveram poder para tal. Ainda fazem. Em poucos lados, mas ainda fazem. Quando mais de 80% do órgão de cúpula de um partido é preenchida por funcionários, imagine-se o que aconteceria à sociedade se pudessem apropriar-se do poder. O mesmoque fizeram noutras paragens, evidentemente.
Bom. Tenho para mim que, ou introduzimos profundas e sérias reformas sociais ou não haverá saída para a chamada crise económica. A parte económica é apenas a face mais evidente, porque nela esbarramos todos os dias.. Trata-se de uma crise de valores. Da maior crise de valores de que há memória. Ou conseguimos reintroduzir nas instituições e no ambiente e relacionamento social os valores do respeito, por nós e pelos outros, da coesão e da solidariedade, ou alastrará esta irresponsabilidade e esta indiferença que nos levará ao caos.
Em verdade, em verdade vos digo, tudo isto, incluindo o que escrevi,  era bem mais interessante com algum humor à mistura.