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sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Bancos, banqueiros, bancários & Cª

Só tem dúvidas quem quer. Nos últimos tempos, é constante a revelação dos escândalos com bancos, designadamente europeus e que conseguiram durante décadas projectar imagens de prestígio. Prestígio? Por lavagem de dinheiro, como autores, veículos, ou até instigadores? Por boicotarem decisões da comunidade internacional e por auxiliarem até o terrorismo? Por fraudes e manipulações de taxas de juros ou de referência ( Libor, v.g.) com objectivos gananciosos e para contornar regras elementares de supervisão? Prestígio? Com sistemáticas fraudes fiscais e não só? Com offshores e sociedades fantoche? Como é possível que os responsáveis por estas sociedades ( ou instituições, como "eles" gostam de dizer), debitem diariamente as maiores vulgaridades com a chocante arrogância de quem vê no próximo apenas um ignorante ou um débil mental? Como é possível que os seus servidores maltratem o pobre cidadão com uma dívida de algumas centenas de euros, só porque o seu nome consta da central de risco do banco de portugal, ou de qualquer outra central de risco. Que risco?
O risco de de "eles" terem arruinado os valores mais elementares da vida em sociedade? O risco de pagarem prémios de milhões aos seus gestores ao mesmo tempo que pedem aos contribuintes "para os capitalizarem"? Parece que, nos Estados Unidos, alguns já acordaram no pagamento de milhões para evitarem a acção da Justiça. Interessante lenitivo. Se falirem,( insolvência é mais suave) como parece ser o caso do suiço Wegelin, lá se consegue mascarar, uma vez mais, outra situação intolerável. Sempre à custa do contribuinte: tax payer, para os mais pragmáticos anglo-saxónicos; estado é a mistificação europeia de inspiração francesa. Contribuintes. Zé pagante, como nos chamou Bordalo Pinheiro.
Já ninguém pode ter dúvidas. Para além da indiferença pelos valores da vida em sociedade; para além de terem estado na origem da maior crise de que há memória nas últimas décadas, estas sociedades financeiras controlam o poder político através dos mecanismos mais arrevesados que conseguimos imaginar. Em bom rigor, a democracia é hoje apenas a burqa que esconde os verdadeiros centros de poder. Portugal é paradigmático a este respeito. Mas, dizíamos, para além de tudo isto - e é tanto que custa a acreditar - os actos de natureza criminal que vão sendo revelados ( a conta gotas...) indicam que, em boa verdade, estas sociedades financeiras são verdadeiros gangs de malfeitores legalmente legitimados. Que raio de sociedade criámos? que raio de sociedade continuamos a fomentar?
Claro que não pensamos ser minimamente desejável qualquer esquerdismo inconsequente, como clamam os fregueses oportunistas que diariamente nos cansam com as mesmas balelas de sempre: imbecis e irresponsáveis. De resto, sabemos bem ( por décadas de conhecimento e alguns até de experiências) onde pretendem chegar estes esquerdismos e o que fizeram da sociedade quando tiveram poder para tal. Ainda fazem. Em poucos lados, mas ainda fazem. Quando mais de 80% do órgão de cúpula de um partido é preenchida por funcionários, imagine-se o que aconteceria à sociedade se pudessem apropriar-se do poder. O mesmoque fizeram noutras paragens, evidentemente.
Bom. Tenho para mim que, ou introduzimos profundas e sérias reformas sociais ou não haverá saída para a chamada crise económica. A parte económica é apenas a face mais evidente, porque nela esbarramos todos os dias.. Trata-se de uma crise de valores. Da maior crise de valores de que há memória. Ou conseguimos reintroduzir nas instituições e no ambiente e relacionamento social os valores do respeito, por nós e pelos outros, da coesão e da solidariedade, ou alastrará esta irresponsabilidade e esta indiferença que nos levará ao caos.
Em verdade, em verdade vos digo, tudo isto, incluindo o que escrevi,  era bem mais interessante com algum humor à mistura.