Pesquisar neste blogue

quinta-feira, 25 de abril de 2024

O Larachas


 O Senhor Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, não tem tento na língua. O seu evidente populismo leva-o a chorradas de disparates em cascata. Populismo, sim. Porque  o narcisismo e a disparatada necessidade de agradar são uma forma de populismo tão perigosa num titular do mais alto cargo politico da República como qualquer outro populismo premeditado e manipulador de qualquer partido político. Ouvir este homem faz lembrar a frase do Rei espanhol para o ditador Hugo Chaves: Porque não te calas? Agora deu-lhe para dizer gratuita e estultamente, perante jornalistas estrangeiros que Portugal deveria indemnizar as ex-colónias pelo que delas retirou. A ignorância e os enviesamentos pseudo-culturais não têm limites. Portugal esteve 500 anos em África e criou comunidades que hoje são países graças aos "colonizadores". Quando lá chegou havia tribos. Os territórios e o sentimento nacional foi criado pelos portugueses. Portugal investiu milhares de vezes mais nas ex.colónias africanas do que que aquilo que delas retirou. Houve esclavagismo e trafico para as Américas, designadamente, é verdade. Mas o tráfico de escravos não foi inventado pelos Portugueses nem por qualquer outro País europeu. O esclavagismo e o respectivo tráfico existia entre as diferentes tribos e os escravos eram vendidos a países do norte de África antes e depois da presença europeia. Se os europeus entre os quais Portugal se aproveitaram do tráfico de escravos, também foram eles que o combateram e que conseguiram acabar com ele. Angola, antes da independência, tinha um dos maiores PIBES de África, Hoje é aquilo que se sabe. Moçambique é hoje um dos países mais pobres do mundo, Não era enquanto colónia portuguesa. A Guiné não passa, hoje, de um entreposto de droga. Portugal deu, material e humanamente às ex-colónias muito: humana,  material e socialmente. Há anos, era então Presidente da República Ramalho Eanes, esteve entre nós um grande político Africano de seu nome Leopold Sédar Senghor. Vale a pena lembrar que Senghor tem origem no português "senhor" e que Leopold Senghor foi, além de um grande político, um homem muito culto, licenciado em Paris, um grande escritor de língua francesa, membro da Academia, doutor honoris causa por várias universidades em todo o mundo, entre as quais a de Évora, a quem foi atribuída a condecoração da Ordem de Sant'Iago de Espada pelo Estado Português em 13 de Março de 1975. Entrevistado, juntamente com Ramalho Eanes na televisão portuguesa aquando da mencionada visita disse isto, para grande espanto do jornalista e até, pelo que me pareceu, de Ramalho Eanes: o mundo deve a Portugal um conceito que será provavelmente a salvação da humanidade e que precisa de ser trabalhado cientificamente: o mesticismo.  E justificou com a atitude dos portugueses durante o período colonial. Entre os muitos disparates que proferiu, Marcelo Rebelo de Sousa terá referido também os "massacres nas colónias". Que eu saiba o único massacre de que alguma vez se falou foi em Moçambique, no triângulo de Wiryamú em Dezembro de 1972. Importa referir que, segundo alguns relatos, terá sido uma "marosca" dirigida pela PIDE e guiada por um índígena de nome Chico Kachavi. Não foi bonito. Mas importa ter presente todas as versões. Para além da de Adrian Hastings e dos dois missionários espanhóis há também a do arcebispo de Dar-es-Salem Laurean Rugambwa, segundo a qual o "massacre" foi perpetrado pela Frelimo que ameaçara boicotar a construção da barragem de Cahora Bassa. Mas enfim, em treze anos de guerra colonial -inútil efectivamente- nunca ouvi falar de qualquer outro "massacre" a não ser aquele perpetrado pela UPA em 15 de Março de 1961 no norte de Angola que trucidou homens brancos e negros aos milhares, decapitou homens mulheres e crianças, deixando as cabeças espetadas em paus. para além de outras atrocidades que deram causa à guerra colonial. As fotografias indiscritíveis dessas atrocidades foram mostradas então na ONU. Saberá disto o Senhor Dr. Rebelo de Sousa? Ou, na ânsia disparatada de agradar, confundirá também os quadros existentes na Assembleia da República? Esgote-se. mas não esgote a Pátria, por favor.

quinta-feira, 14 de março de 2024

O erro de Montenegro



Declaração de interesses: não votei Chega e julgo poder afirmar que nunca votarei. Entendo, no entanto, há meses que Luís Montenegro caíu na esparrela de uma esquerda inconsistente e hipócrita mas que continua a impor a sua agenda propalando a defesa de direitos que ela é a primeira a espezinhar, como a história  e a actualiadade demonstram pelo mundo inteiro. Tanto insistiram que levaram Luís Montenegro a negar qualquer negociação e até a ostracizar de tal forma o partido de A. Ventura até chegar ao actual  não é não. Quem apoia, com maior ou menor clareza, o maior criminosa da actualidade, Vladimir Putin, que moral tem para condenar um hipotético acordo da AD com o Chega? Quem odeia a UE e a NATO que moral tem para chamar xenófogo, homofóbico, racista e todo o rosário de adjectivos que essa mesma esquerda atribui, sem descanso, a quem não pensa como ela? A que propósito "partidinhos" com 3 ou 4 deputados censuram descaradamente aquele que, dizendo-se de direita, levou mais de um milhão de portugueses a votar nas suas ideias e no seu programa e a eleger 48 deputados? Isto é a pura negação da democracia. E é exactamente isto que o BE e o PCP, na sua insignificância querem e sempre quiseram: destruir a democracia. Já Cunhal dizia em entrevista a Oriana Falacci que Portugal nunca seria uma democracia. Lembram-se? Como pretendem também destruir a família, corromper as estruturas que cimentam as sociedades livres que detestam e que pretendem desestruturar e afundar. Putin, Xi Jingping e os lieders dos Estados islâmicos ou dos estados comunistas que ameaçam e enegrecem a liberdade e os direitos humanos por todo o mundo, não serão xenófobos, racistas e homofóbicos? Ao sucumbir à chantagem dessa esquerda insignificante, Montenegro fez um grande favor aos inimigos da Liberdade e põs a democracia em risco e o próprio país, se bem penso.  Como pode um democrata ignorar ou ostracizar mais de um milhão de eleitores num universo eleitoral tão pequeno como o português? Com a recusa de negociações com o Chega, Luís Montenegro comete um erro crasso que todos nós pagaremos muito caro. Por mim, desde que contido nos direitos humanos que definem uma sociedade livre, não recearia negociar com o Chega. Integrá-lo na sociedade livre é a melhor forma de o combater democraticamente. Em toda a Europa se verifica uma ascenção da chamada extrema direita, por culpa de governações tolas e insensíveis aos anseios do povo que dizem defender. Devemos estar atentos. Mas desconsiderar partidos que obtêm resultados semelhantes àquele que o Chega obteve é um suicídio a curto prazo. Meloni tem feito um trabalho claramente aceitável, como os democratas italianos reconhecem. A UE não está preocupada com a Itália, mas sim com a Espanha onde os socialistas sacrificam tudo à manutenção do poder, achincalhando as instituições sociais, a Justiça e o Estado e fomentando a sua divisão só por querem manter o poder a toda a força.
    Numa entrevista que ouvi há dois dias num canal televisivo foi perguntado directamente e sem rodeios ao A. Ventura o que pensava de Putin. Disse o homem com toda a clareza que o considerava um criminoso e que se pudesse daria todo o apoio à Ucrânia. Disse mais: que apoiaria uma série de medidas que Luís Montenegro defendeu antes e durante a campanha eleitoral, abdicando mesmo de alguns pontos do seu próprio programa. Nem exige comparticipação no Governo. Só quer negociar de forma a não permitir que os seus muitos eleitores sejam humilhados e espezinhados. Será ventura mais perigoso que o Raimundo? Será mais perigoso  que a Mortágua? O que fariam eles se tivessem 48 deputados, se mesmo com a sua insignificância actual, afirmam categoricamente que tudo farão para impedir a direita de governar?
    Este assunto é muito sério, Luís Montenegro. O PSD só tem condições para govenar com o apoio ainda que discreto do Chega. Quando o nega, atraiçoa o seu eleitorado, porque corre o risco de não governar e espezinha mais de um milhão de eleitores que votaram na mudança. Não votaram como o PSD esperava. Mas, por isso mesmo, não faça fretes imbecis aos esquerdalhos hipócrtas e inconsistentes. O Senhorinho do CDS que o acompanha defende o seu mandato e o seu partido e não o interesse nacional. Ele sabe que grande parte dos seus antigos votos foram para o Chega. Nem é de agora. Seja inteligente Luís  Montenegro e domestique o Chega com negociações competentes e oportunas. Só assim poderá ir buscar esses eleitores que julgou conseguir antes e durante a campanha. Faça por levar o seu programa avante negociando com quem pode apoiá-lo e sem medo de quem, mesmo eleitoralmente insignificante, não hesitará em desviar para si os epítetos de xenófobo, homofóbico, racista e anti-imigração, como já fizeram estulta e descaradamente na campanha eleitoral logo após o excelente discurso de Passos Coelho.
 

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Dextros, Canhotos e Tantos Outos


  Não voto em partidos sem preocupações sociais! Foi este o eufemismo utilizado por uma amiga há uns tempos para dizer que votava à "esquerda". Lembrei-me naturalmente das preocupações sociais que durante seis décadas nortearam a União Soviética e norteiam hoje a acção de Putin, de Maduro, de Kim Jong-Un, de Xi JinPin, de Miguel Diaz Canel em Cuba, dos Talibãs no Afganistão, de Ebrahim Raisi, no Irão, de Rashad al Alimi no Iémen, mas também da Arábia Saudita, do Qatar e de tantos ( alguns) outros. A questão tem encadeamentos engraçados e significativos. O Partido Comunista Português - e não só - era indefectível apoiante da União Soviética. Hoje, é indefectível apoiante de Putin. Putin, por sua vez, para alem de sonhar com a reconstrução do império soviético, apoia os amigos radicais de ambos os lados desde que saibam ou se proponham minar as pobres e "degradadas" sociedades democráticas. Sempre alardeando "democracia" está bom de ver e prendendo opositores por dá cá aquela palha. A democracia tem evidentes estados e gradações. Votar periodicamente é a menor e mais corriqueira das suas características, ao contrário do que muitos pensam. Forjar resultados eleitorais é uma especialidade de todo o poder autoritário. A garantia intransigente dos Direitos do Homem, sem excepções, é a mais difícil e aquela que exige mais rigor, mais perfeição e mais coesão do sistema sócio-económico em que a democracia tem de apoiar-se.  Mas enfim, avancemos. Estar á "esquerda" ou à "direita" é um simplismo hoje tão banal que dificilmente se entende como pode mobilizar tanta gente. A verdade é que os partidos esgrimem esse simplismo com tal frequência que isso só pode pressupor um eleitorado iletrado, ignorante e boçal. Assim nos consideram, como é evidente, visto que nada de relevante nos propõem para além de votarmos à "esquerda" ou à "direita". Há partidos cuja agenda se resume à destruição da família e da sociedade que a suporta. Tudo o que não seja aceitar acriticamente a pretensas igualdades que a ciência desmente, a chamada identidade de género, com as conhecidas particularidades que jamais terminarão, é qualificado como nazi, homofóbico, racista, chauvinista e todos os "istas" que venham à memória. Num país pobre e com pouquíssimos recursos, defender que integrem o Serviço Nacional de Saúde, Hospitais e todos os serviços médicos, ainda que privados, que aceitem condições favoráveis ao interesse  dos contribuintes desperta de imediato um alarido histérico. Cada ano que passa, o SNS tem sorvido mais recursos. Todavia é o caos que todos vêm. Mas há quem não queira reformá-lo. Em nome da ideologia anti-capitalista defenderão o caos até à morte de uma instituição já moribunda. Neste momento ,morre-se nas urgências, ou mesmo em ambulâncias lotadas de "cadáveres adiados". Trata-se da indignidade de uam morte "digna" no serviço público de saúde. Dois exemplos, ao calha, como costuma dizer-se. A jornalista pergunta a um cubano dos 10.000 caminhantes que se dirigem para a fronteira do Máxico com os Estados Unidos. - E na fronteira, não tem medo de não conseguir entrar e passar necessidades? - Não. Tenho medo é de morrer à fome em Cuba. No twitter ou X, como se queira, alguém que se intitula "enfermeira imperfeita" descreve como indigna a morte na urgência de uma mulher de 80 anos que fora rastreada com pulseira amarela. Pergunta imediata de um comentador: - Ò Senhora enfermeira. A senhora não trabalhará no privado? Arguto e inteligente, como pode ver-se. Esta atitude repete-se indefinidamente. Serei eu machista, racista, chauvinista, homofóbico e até -quem sabe- partidário da suástica ?