Pesquisar neste blogue

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Dextros, Canhotos e Tantos Outos


  Não voto em partidos sem preocupações sociais! Foi este o eufemismo utilizado por uma amiga há uns tempos para dizer que votava à "esquerda". Lembrei-me naturalmente das preocupações sociais que durante seis décadas nortearam a União Soviética e norteiam hoje a acção de Putin, de Maduro, de Kim Jong-Un, de Xi JinPin, de Miguel Diaz Canel em Cuba, dos Talibãs no Afganistão, de Ebrahim Raisi, no Irão, de Rashad al Alimi no Iémen, mas também da Arábia Saudita, do Qatar e de tantos ( alguns) outros. A questão tem encadeamentos engraçados e significativos. O Partido Comunista Português - e não só - era indefectível apoiante da União Soviética. Hoje, é indefectível apoiante de Putin. Putin, por sua vez, para alem de sonhar com a reconstrução do império soviético, apoia os amigos radicais de ambos os lados desde que saibam ou se proponham minar as pobres e "degradadas" sociedades democráticas. Sempre alardeando "democracia" está bom de ver e prendendo opositores por dá cá aquela palha. A democracia tem evidentes estados e gradações. Votar periodicamente é a menor e mais corriqueira das suas características, ao contrário do que muitos pensam. Forjar resultados eleitorais é uma especialidade de todo o poder autoritário. A garantia intransigente dos Direitos do Homem, sem excepções, é a mais difícil e aquela que exige mais rigor, mais perfeição e mais coesão do sistema sócio-económico em que a democracia tem de apoiar-se.  Mas enfim, avancemos. Estar á "esquerda" ou à "direita" é um simplismo hoje tão banal que dificilmente se entende como pode mobilizar tanta gente. A verdade é que os partidos esgrimem esse simplismo com tal frequência que isso só pode pressupor um eleitorado iletrado, ignorante e boçal. Assim nos consideram, como é evidente, visto que nada de relevante nos propõem para além de votarmos à "esquerda" ou à "direita". Há partidos cuja agenda se resume à destruição da família e da sociedade que a suporta. Tudo o que não seja aceitar acriticamente a pretensas igualdades que a ciência desmente, a chamada identidade de género, com as conhecidas particularidades que jamais terminarão, é qualificado como nazi, homofóbico, racista, chauvinista e todos os "istas" que venham à memória. Num país pobre e com pouquíssimos recursos, defender que integrem o Serviço Nacional de Saúde, Hospitais e todos os serviços médicos, ainda que privados, que aceitem condições favoráveis ao interesse  dos contribuintes desperta de imediato um alarido histérico. Cada ano que passa, o SNS tem sorvido mais recursos. Todavia é o caos que todos vêm. Mas há quem não queira reformá-lo. Em nome da ideologia anti-capitalista defenderão o caos até à morte de uma instituição já moribunda. Neste momento ,morre-se nas urgências, ou mesmo em ambulâncias lotadas de "cadáveres adiados". Trata-se da indignidade de uam morte "digna" no serviço público de saúde. Dois exemplos, ao calha, como costuma dizer-se. A jornalista pergunta a um cubano dos 10.000 caminhantes que se dirigem para a fronteira do Máxico com os Estados Unidos. - E na fronteira, não tem medo de não conseguir entrar e passar necessidades? - Não. Tenho medo é de morrer à fome em Cuba. No twitter ou X, como se queira, alguém que se intitula "enfermeira imperfeita" descreve como indigna a morte na urgência de uma mulher de 80 anos que fora rastreada com pulseira amarela. Pergunta imediata de um comentador: - Ò Senhora enfermeira. A senhora não trabalhará no privado? Arguto e inteligente, como pode ver-se. Esta atitude repete-se indefinidamente. Serei eu machista, racista, chauvinista, homofóbico e até -quem sabe- partidário da suástica ?