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sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Reformas


 Ontem assisti brevemente a uma entrevista ao Ministro da Educação, a propósito de medidas para a reforma do Ministério. Fernando Alexandre é um homem sensato e que prepara aquilo que pretende dizer. Já no anterior e brevíssimo governo era reconhecido por quem não tem uma perspectiva distorcida da realidade, como competente e sensato. Para algumas correntes políticas, tais características são suficientes para abrir e manter uma guerillha social. É dos manuais. O ministério da educação, pela influência social, presente e futura dos seus trabalhadores e dos utentes, mas não só, é o ninho onde se albergam as idéias ditas revolucionárias, mas que nada revolucionam. Pelo contrário. Voltando ao ministro citaremos apenas uma idéia terrivelmente verdadeira e que, por isso mesmo, se tornou banal mas também incontornável. Disse Fernando Alexandre que quando se pretende reformar há sempre quem se oponha. Desde logo quem está e quer continuar acomodado no seu pequeno ou grande tacho. ( a parte final não é do ministro, é minha). Montenegro e a sua equipa, se querem verdadeiramente reformar Portugal têm de revisitar grande parte das estruturas que determinam a nossa mediocridade, a nossa apatia e a incapacidade demonstrada há décadas de sairmos da cepa torta. Têm de convencer que é o País, é a sociedade como um todo que  impôem as reformas. E têm de fazê-lo quanto antes. A partir do meio do mandato começará a ser tarde. Os sindicatos sabem-no. Por isso se rebelam e tentam arrastar os seus associados com a esperança de sucesso. 
    A imagem que pretende ilustrar o texto é relativamente antiga e intitula-se As sombras de Montenegro. Não sei quem é o autor. Mas o nome vem directamente a propósito. Nesta fase, as sombras do primeiro ministro, caso seja verdadeira e genuína a intenção de reformar o País, - repete-se -, situa-se muito mais em não fazer do que em fazer. Ainda que tenha de se preparar, tenhamos todos de nos preparar para a guerillha que os senhores que se apoderaram do país há décadas não deixarão de fazer. Como já anunciam. Antes mesmo de saberem em concreto aquilo que o Governo propõe. Li este comentário, resultante de um artigo publicado na imprensa.  É de uma conhecida escritora. " De acordo com Montenegro eu nunca teria nascido".  A escritora terá, talvez, à volta de 50 anos de idade. Pelos vistos é filha de Português e de mãe Inglesa que veio para Portugal ao abrigo do instituto do reagrupamento familiar. Dizemos isto com ironia, naturalmente. A Senhora não consegue situar-se no tempo. Quando nasceu, as circunstâncias da imigração eram totalmente diversas daquelas em que hoje se enreda, como é fácil de entender. Que me recorde, nem existia o reagrupamento familiar, enquanto tal. A Senhora não é jurista. Mas resulta elementarmente do bom senso que a Lei deve conformar a realidade de acordo com os princípios que a determinam e a valorizam, designadamente o princípio da Justiça. Ora, não é justo quando se trata por igual aquilo que é desigual. E a inversa também é, naturalmente, verdadeira. Como é possível que uma intelectual culta, - sabemos que é - confunda as coisas com tanta facilidade? Pois é. Regressamos à perspectiva acima mencionada. A ideologia distorce a realidade porque obnubila o olhar com que a vemos.
    O exemplo revela bem como são escuras as sombras de Montenegro.