1. Guterres
Comecemos pelas boas novas, porque de más está o "inferno cheio" e o papo do cidadão português há muito envinagrado e justificadamente azedo. Está assegurada a eleição de Guterres para Secretário Geral das Nações Unidas, considerando que o Conselho de Segurança (quem manda naquelas estrangeirinhas - o quinteto permanente, entenda-se -) já o propôs à assembleia geral com votos e aplausos. Imagine-se. A verdade é que o ex- primeiro ministro português e ex-comissário para os refugiados havia passado nas "provas de aptidão" com grande brilho. O processo, mais democrático e mais meritório do que as anteriores nomeações, só se iniciou este ano. Assim, a ONU sai prestigiada duplamente. Porque venceu quem apresentou a sua candidatura e a defendeu em provas públicas com denodado mérito, sendo que a ONU soube escolher apesar das múltiplas pressões a favor de outros candidatos, a última das quais, patética quanto baste, foi a Kristalina comissária da UE e vice-presidente da Comissão saída da cartola da Senhora Merkel e querendo afastar a sua compatriota Bokova. Em rigor, quereria "afastar todos os outros". Não alinhando na hipocrisia nacional, costumeira e bacoca de apregoar já que Guterres será o melhor secretário geral das últimas décadas", é evidente a razão para um justificado orgulho. Por mim, desejo que desempenhe um papel excelente, isto é, bem melhor do que aquele que personificou, enquanto primeiro ministro português. Parabéns a António Guterres, à ONU -que raras vezes os tem merecido - e à diplomacia portuguesa. Acredito que algo de relevante tenha feito. Mas era bem dispensável a atitude imbecil do senhor PM Costa, o qual, mal chegou à China, teve necessidade de agradecer a posição deste membro permanente do Conselho de Segurança na eleição de Guterres. Se apoiou a candidatura, fê-lo seguramente porque considerou que era a melhor; e se foi assim, como queremos acreditar, então a China só pode estar satisfeita e não precisa nem deverá querer agradecimentos de ninguém. Não será verdade senhor Costa? Também vai agradecer aos outros quatro permanentes e aos restantes dez temporários?
2 - O Juiz
Sem querer beliscar a presunção de inocência, o caso calou fundo em quem anda nestas lides judiciárias. Quero eu pensar. Noticiam os jornais que o Juiz Rangel ( desembargador) estará envolvido na rota do Atlântico, na qual são pioneiros os senhores Veiga dos futebóis havidos e o Paulo Santana Lopes, irmão do político também havido, provedor da SCML e talvez candidado a haver na eleição para presidente da Câmara Municipal de Lisboa. O PSD deve andar com os olhos vendados, ao contrário do Juiz. Este Lopes nunca mais ganhará coisa nenhuma. Este lugar de provedor da Santa Casa é excelente, foi nomeado por antigos préstimos políticos e o que ele tem a fazer de mais sensato é manter o tacho o tempo que puder. Claro que o passado dar-lhe-á sempre um lugar de relevo no habitual tráfico de influências. O futuro do Lopes está assegurado. Como advogado, ninguém lhe conheceu coisa de mérito. Afinal, o que vale o mérito nesta reconhecida choldra? O cartanito partidário é tudo quanto basta. Regressando à personalidade em título: diz-se que dos muitos milhões manipulados pelo senhor dos futebóis havidos, de seu nome Veiga, por incumbência dos sobas congoleses, o senhor Juiz recebeu bastante em circuito - talvez agora curto - por contas do filho do advogado Martins e do próprio causídico. Especulem ou não, parece que até papelinho há a confirmar tal facto astucioso, mas não muito. Coisas do ofício. Os servidores da Justiça - é deles que falamos, não é? - sempre foram dados a formalidades. Era o que faltava! Non creo em brujas pero que las hay las hay, diz o povo castelhano. Neste lodaçal, estava mesmo a faltar mais um escândalo de grande corrupção na Justiça, pois claro. Como nesta pequena área se verifica um compulsivo grande impulso para encobrir os irmãos funcionais veremos a rota dos acontecimentos. Lembramos apenas que o senhor Juiz foi o único (até agora) que descascou no seu colega Carlos Alexandre a propósito do segredo ( dito interno) do processo Sócrates, também dito Marquês. E que pôs a nú o mal fadado processo. Levianamente, muito levianamente afirmamos o que se segue: discordando das razões do acórdão, apoiamos o resultado. A historieta mal contada do segredo de Justiça é uma balela com a qual alguém deveria terminar. Alguém...o alguém que nunca há...canção girassa. Dá mais trabalho e mais complicações o dito segredo do que os crimes reais que diz querer segredar. Enfim, aguardemos para ver se esta rota terá um destino ou se o sextante se perderá numa deriva singular.
3 - O Rocha, outra vez o Rocha
Era suposto tratar dos assuntos fiscais. Decidiu ir à bola às custas da GALP, que mantém ( ou mantinha) um litígio quiçá avultado com o fisco, sem ver nisso qualquer conflito ético. Não foi o único. Agora e ao que dizem as más línguas sucedeu algo semelhante com a EDP. Não que o tenha levado à bola. Mas afinal o Rocha Andrade seria um pequeno accionista da EDP. Como esta empresa também litiga com o Estado para não pagar um montante considerável de impostos que este quer cobrar, O Rocha Andrade não poderá legalmente decidir nada a este respeito ou em qualquer assunto que implique a EDP. Coitado. Mais uma vez descuidado. Impolutamente descuidado. Mas eis o mais interessante: o governo, na ânsia de angariar dinheiro nestes últimos meses do ano, planeou e concretizou um perdão fiscal. O qual -diz o governo - não é afinal um perdão fiscal. Só diz respeito aos juros. E estes perdoam-se ou cobram-se? Perdão ou castigo, o Rocha afirmou que a GALP, como qualquer outro contribuinte, nas circunstâncias previstas, seria abrangida pelo perdão fiscal. Mas não, diz essa entidade mascarada chamada governo. A GALP não é abrangida pelo perdão. O imposto de que é devedor é um imposto extraordinário. O perdão é para impostos ordinários!!! ( daqueles que dizem palavrões que fazem corar as beatas). Então e os juros? Ah! perdão. Afinal a GALP sempre poderá ser abrangido numa parte do que contesta.
Quem entende esta matulagem? Quem estará disposto a aturar este permanente atoleiro de palavras e actos que corroem a nossa dignidade?
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