Há dias, na imprensa diária. alguém sugeriu a substituição dos deputados da comissão de inquérito à TAP por jornalistas: sempre teriam um pouco mais de jeito para interrogar os chamados. Com razão. A inabilidade dos Senhores deputados chega a ser confrangedora. Depois de ouvirem Mendonça Mendes, gritaram em coro: Galamba mentiu. Claro que mentiu mas não foi Mendonça Mendes quem o revelou. Porque este não passou de um mandarete, como qualquer cidadão informado se apercebe de imediato. Vejamos a frase ( grosso modo): Galamba telefonou, mas ele ( secretário e mandarete) não mandou, não sugeriu não deu qualquer indicação de que deveria comunicar-se a ocorrência do computador ( expressão neutra para fugir ao lodaçal) ao SIS E acrescentou: nem eu nem qualquer outro membro do governo. A pergunta, imediata deveria ter sido: "Nem qualquer outro membro do governo?" Como sabe isso? Falou com todos? Ainda que assim fosse, como pode garantir tão categoricamente um facto negativo? Tudo isto tem sido manhosamente urdido para que a culpa seja da chefe de gabinete. Que bem merece. Mas não me parece que tenha os contactos de altos responsáveis do SIS. Numa palavra: desta vez a culpa não é do motorista, É da chefe do gabinete. Este trilho no charco empestado de mau gosto foi preparado, obviamente. Para ocultar os tiros no pé do manhoso que deveria chefiar a banda e sobretudo para ocultar coisas eventualmente mais graves na TAP e, porventura, não só aí. As empresas públicas têm de facto um reporte técnico e financeiro. Reporte ou supervisão, como se queira. Mas é essencial, até para a estrutura económica comunitária que a administração dessas empresas seja autónoma e livre nas suas decisões. Aassistimos, curiosamente - qual rebanho paciente e amorfo - a múltiplas situações em que os ministros se confundem com gestores de empresas públicas. E ninguém reclama contra este abuso manifesto das estruturas empresariais que se traduz numa politização intolerável. De todo este imbróglio (Pedro Nuno/Galamba) resulta, obviamente, a manha do chefe da orquestra. O adjunto Pinheiro era quem tirava notas, naturalmente, e o (des)governo não queria que se soubesse que trata as comissões de inquérito e o parlamento, em boa verdade, como tolinhos que podem ser enganados com duas tretas. Daí a barulheira. É evidente que o ministro Galamba poderia ter tratado do assunto duas horas depois pessoalmente e com toda a eficácia. Até o ministro Galamba seria capaz de um comportamento tão simples, caramba. Não o fez por não quis ou alguém não o quis. Havia necessidade de ruído e ranço para entreter a manada. O secretário Mendes esquivou-se enquanto pôde. Recebido e estudado o recado pôde afirmar com a complacência de todos que nenhum membro do governo sugeriu ou sequer indicou o SIS. Assim. Peremptoriamente. Com a certeza do porteiro do Elefante Branco. E o ministro Galamba, qual colegial enganado, continua a afirmar em todo o lado: eu não menti ao país! eu não menti! Em que chiqueiro estão a transformar este pobre país. Pobre. Agora verdadeiramente pobre, porque este e muitos outros casos fedem a léguas.
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